Como a alta do retorno dos Treasuries afeta diferentes ações e ativos

O rendimento do bônus de 10 anos subiu quase 0,30 ponto percentual desde o final de 2021

Alta dos treasuries afeta diferentes classes de ativos
Por Joanna Ossinger
17 de Janeiro, 2022 | 02:20 PM

Bloomberg — Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA dispararam com a expectativa de aumento do juro básico em março e acréscimos adicionais no decorrer do ano.

O rendimento do bônus de 10 anos (GT10) subiu quase 0,30 ponto percentual desde o final de 2021. O mercado começou a precificar elevações de juros mais cedo e mais rápido pelo banco central (Federal Reserve). Especulações em torno de uma alta de 0,50 ponto em março já entraram nas conversas.

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A seguir, especialistas discutem possíveis consequências do avanço dos rendimentos desses títulos que são referência para o mercado global:

Fluxos menores

“A antecipação da elevação dos rendimentos já impacta o mercado como um todo, que teve um início de ano fraco para as ações”, afirmou Adam Reynolds, CEO da Saxo Capital Markets para a região Ásia-Pacífico.

“Normalmente em janeiro vemos entrada de recursos, que impulsionam desempenho superior. Este ano isso não ocorreu. A consideração mais importante para mim é a perspectiva de um início antecipado da redução do balanço patrimonial do Fed. Qualquer retirada antecipada e significativa de liquidez terá impacto negativo sobre os preços dos ativos”.

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Crescimento versus valor

“As perspectivas para o Fed, os juros e o crescimento econômico sugerem que os investidores das bolsas devem reequilibrar suas exposições entre crescimento e valor”, escreveram estrategistas do Goldman Sachs Group (GS) liderados por David Kostin em relatório divulgado na sexta-feira.

“Nossos estrategistas de juros esperam que os rendimentos continuem subindo, em uma dinâmica que deve proporcionar maior suporte às ações com perfil de valor em detrimento das de crescimento.”

No entanto, as metas de rendimento nominal para os títulos de 10 anos, de 2,0% até o final de 2022 e 2,3% até o final de 2023, traçam um caminho mais gradual do que a volatilidade que o mercado vem enfrentando nas últimas semanas.

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“Nossos economistas esperam que, com o recuo da onda ômicron, o crescimento do PIB suba de 2% no primeiro trimestre para 3% no segundo trimestre, dando suporte às ações de valor”, acrescentaram os estrategistas. “No entanto, o crescimento deve se desacelerar para 2% no quarto trimestre, um ambiente que geralmente dá suporte a ações com perfil de crescimento.”

Ações das gigantes de tecnologia

“Uma temporada fraca para os balanços do setor de tecnologia e um ambiente de taxas maiores devem provocar mais vendas no índice Nasdaq 100 (SDX)”, afirmou Michael Purves, CEO da Tallbacken Capital Advisers, se referindo ao índice da bolsa eletrônica concentrado em grandes empresas de tecnologia.

Rendimentos reais e ativos de risco

“De modo geral, a alta dos rendimentos reais é negativa para ativos de risco”, disse Sue Trinh, responsável por estratégia macroeconômica da Ásia na Manulife Investment Management HK, na segunda-feira. “Concluímos que juros reais mais altos são provavelmente mais dolorosos para ativos de risco do que juros nominais mais altos.”

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“Algo crucial é que a correlação entre os rendimentos reais e os ativos de risco ficou mais forte e mais negativa nos últimos cinco anos.”

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