China e Coreia do Norte retomam comércio ferroviário

Kim Jong Um fechou as fronteiras em 2020 devido à pandemia; medida deve impulsionar intercâmbio entre países

Problemas causados pela inexistência do comércio com a China afetou o país mais que as sanções econômicas pelos testes nucleares
Por Bloomberg News
17 de Janeiro, 2022 | 10:42 AM

Bloomberg — A China afirmou que o comércio ferroviário com a Coreia do Norte foi reiniciado, dando um impulso muito necessário à economia de Kim Jong Un na retomada de um serviço que Pyongyang cortou há cerca de um ano e meio devido aos temores da pandemia.

“Após consultas amigáveis entre os dois países, retomamos o transporte de produtos em Dandong”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores na segunda-feira (17) em uma coletiva de imprensa regular, referindo-se a uma cidade fronteiriça chinesa.

“O trabalho será realizado garantindo a prevenção e a segurança da pandemia e ajudará o intercâmbio comercial normal entre os dois países”, acrescentou.

A decisão de Kim de fechar as fronteiras no início da pandemia freou o pouco comércio legal que o país tinha com a China, maior benfeitor de seu estado. E também ajudou a levar a economia atingida por sanções para sua maior contração em mais de duas décadas, com Kim fazendo raras admissões das dificuldades do país nos últimos meses.

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A conexão ferroviária é o principal elo da Coreia do Norte com a China, e a reabertura da rota comercial pode tirar a pressão de Kim para retornar às negociações de desarmamento nuclear com os Estados Unidos, nas quais o governo Biden oferece perspectivas de recompensas financeiras em troca de medidas para reduzir seu arsenal atômico.

País realiza comércio com a China por meio do rio Yalu

O Ministério de Unificação da Coreia do Sul afirmou anteriormente que a Coreia do Norte havia enviado um trem para a China, acrescentando que os dois países estavam se preparando para reabrir sua fronteira desde no ano passado. A agência de notícias sul-coreana Yonhap relatou que um trem de carga cruzou a fronteira com a segunda economia do mundo no fim de semana e retornou na segunda-feira, citando pessoas não identificadas.

O comércio com a China despencou em 2020, causando um problema maior para a Coreia do Norte do que as sanções internacionais para puni-la por seu programa de armas nucleares. O fechamento da fronteira também causou tensões políticas em casa, deixando a economia da Coreia do Norte cerca de 9% menor do que quando Kim assumiu o poder há uma década com a promessa de melhorar os padrões de vida.

O regime de Kim encontrou maneiras de evitar sanções, e os EUA e o Conselho de Segurança das Nações Unidas acusaram o líder de intensificar seus crimes cibernéticos para encher seus cofres.

A Coreia do Norte testou dois mísseis suspeitos na segunda-feira, segundo a Coreia do Sul, sendo o quarto lançamento de uma série realizada este ano considerada de forma a aumentar a pressão sobre o governo Biden.

Kim disse em uma reunião de altos funcionários do partido no final do ano passado que estava mais interessado em reforçar seu arsenal que em retomar as negociações nucleares com os EUA, e também pediu que se concentrassem em aliviar a escassez de alimentos.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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