Bloomberg — A China baixou a taxa de juros de referência pela primeira vez desde o auge da pandemia em 2020 em meio à queda do mercado imobiliário e a repetidos surtos do coronavírus, que esfriaram as perspectivas de crescimento econômico. O mercado de títulos de dívida reagiu com forte valorização.
O Banco Popular da China cortou a taxa de referência para empréstimos de um ano em 0,10 ponto percentual para 2,85%, marcando a primeira redução desde abril de 2020. A instituição também baixou a taxa aplicada em operações de recompra reversa em sete dias e fez uma injeção líquida de 200 bilhões de yuans (US$ 31,5 bilhões) em recursos de médio prazo no sistema financeiro.
“O banco central acelerou o ritmo de flexibilização para induzir a diminuição dos custos dos empréstimos e incentivar o fornecimento de crédito”, disse Yewei Yang, analista da Guosheng Securities. “A medida sugere que a economia da China está fraca e também vai desencadear uma queda significativa nos custos dos empréstimos”.
A decisão desta segunda-feira distancia ainda mais o banco central chinês de seus pares globais como o Federal Reserve dos EUA, que tentam normalizar a política monetária para conter a inflação. O anúncio segue a promessa feita pelas autoridades chinesas no mês passado de apoiar a economia após um período de meses de desalavancagem que resultou na derrapada do mercado imobiliário residencial.
Sete dos 10 economistas consultados pela Bloomberg previam que a taxa de referência de um ano permaneceria inalterada. Oito deles esperavam uma rolagem completa desses empréstimos usados na política monetária.
Operadores do mercado de renda fixa apostam em ainda mais flexibilização pelo banco central após o corte do depósito compulsório para as instituições financeiras, que já haviam reduzido os juros cobrados dos clientes no mês passado.
“O corte de hoje indica que os bancos vão baixar as taxas de empréstimo pelo segundo mês”, disse Hao Zhou, economista de mercados emergentes do Commerzbank. “As autoridades chinesas estão inclinadas a fornecer mais apoio anticíclico para proteger a economia de intensos ventos contrários, especialmente porque os riscos da ômicron estão se aproximando.”
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