Brasileiro troca produto premium por ‘low-cost’ no supermercado

Em 2021, um em cada quatro produtos comprados era de uma marca alternativa, cerca de 20% mais em conta

Marcas premium perdem espaço para produtos low-price
18 de Janeiro, 2022 | 08:01 AM

Bloomberg Línea — Inflação em alta, renda em queda e o desemprego sempre por perto. O resumo econômico do país em 2021 teve consequências na hora do brasileiro ir às compras do dia-a-dia. As marcas premium, aquelas que sempre disputam a liderança em cada uma das categorias de consumo, começaram a perder espaço na cesta de compra das pessoas. No lugar delas, entraram as consideradas “alternativas” ou “low-cost”, que formam o grupo de entrantes no mercado ou mesmo as marcas próprias dos supermercados.

Considerando os produtos mais consumidos nos supermercados, o carrinho de compras do brasileiro em 2020 foi composto de 20,8% de produtos low-cost, 51,9% de marcas consideradas intermediárias e 27,3% de marcas premium. No ano passado, contudo, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) começou a identificar uma mudança no hábito de consumo. As marcas premium, em geral, perderam 1,8% do seu espaço, enquanto as marcas médias cederam 2,1%. No sentido oposto, as marcas low-cost ampliaram em 8,2% sua presença nos carrinhos dos brasileiros no ano passado.

PUBLICIDADE

“A inflação contribuiu para o crescimento das marcas ‘low-cost’. Com isso, a participação dos produtos premium e intermediários perderam espaço. Esse comportamento reforça que os consumidores estão substituindo as marcas”, afirma Márcio Milan, vice-presidente institucional da Abras.

Veja mais: Consumo dos brasileiros será menor que o esperado em 2021

Segundo Milan, a divisão das marcas varia dentro de cada uma das categorias, mas, de modo geral, as opções mais baratas ganharam espaço no ano passado em relação a 2020 em praticamente todas as categorias. Com valores cerca de 20% mais em conta, as marcas alternativas avançaram sobre as intermediárias e premium de cigarros a higiene e limpeza. A única exceção foi na categoria de bebidas, onde as marcas mais caras passaram a ocupar quase 20% do espaço.

PUBLICIDADE

“Os supermercados passaram a oferecer marcas que não tinham antes. Com isso, percebemos que um quarto do consumo já foi para marcas alternativas, o que inclui as marcas próprias dos supermercados. Acreditamos que essa tendência continue em 2022, na medida em que o consumidor se identifique com as novas marcas e não a troque mais”, diz Milan.

A categoria que sofreu a maior alteração foi a de commodities, onde entram frutas, hortaliças, cereais, entre outros produtos. Das compras de commodities realizadas em 2020, 5,2% eram de marcas low-cost, 73,5% de intermediárias e 21,3% premium. No ano passado, a participação das marcas alternativas passou para 6,5%, as intermediárias recuaram para 73,9% e as premium caíram para 19,6%.

Veja mais: Agropecuária do Brasil equivale à 7ª economia da América Latina

PUBLICIDADE

No segmento de higiene e beleza também houve mudança. As marcas alternativas que representaram 29,6% das compras da categoria em 2020 passaram a deter uma fatia de 32% no ano passado. Já os produtos intermediários mudaram pouco, passando de 31,8% para 31,4%. Contudo, as marcas mais caras de higiene e beleza perderam mais participação, caindo de 38,6% para 36,6%.

Leia também

Bloomberg Línea lança websérie ‘Casa de Negócio$’ com apoio do Airbnb

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.