São Paulo — O Banco do Nordeste (BNBR3) tem um novo presidente interino: sai Anderson Possa para entrar José Gomes da Costa, segundo anúncio do banco na tarde desta segunda-feira (17). Costa vai acumular dois cargos, pois já era diretor financeiro e de crédito da instituição. A mudança ocorre em um momento em que aumentam os rumores de que o governo Bolsonaro pretende transformar o banco de fomento em uma subsidiária da Caixa Econômica Federal, assunto que a instituição sediada em Fortaleza (CE) diz ignorar.
Em comunicado, a instituição informou que Costa é graduado em Economia com mestrado pela Universidade Federal de Pernambuco e funcionário de carreira do banco há 38 anos. Desde o ano passado, funcionários do BNB especulavam sobre a saída de Possa diante das articulações políticas para comandar o orçamento do banco.
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Possa assumiu o cargo no fim de setembro, após o conselho de administração do BNB destituir Romildo Rolim em meio à pressão do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. De lá para cá, o BNB foi comandado por um presidente interino, o que continuará sendo, já que Costa é apresentado dessa maneira, o que fortalece o rumor de que o BNB pode se tornar uma subsidiária da Caixa.
As mudanças no comando do BNB refletem a disputa de poder entre caciques políticos da região Nordeste, que buscam aumentar sua influência em ano eleitoral. A carteira de microcrédito da instituição de fomento é considerada uma arma eleitoral na região.
No ano passado, o BNB tentou escolher um gestor do Crediamigo, considerado o maior programa de microcrédito urbano da América do Sul, com um orçamento anual bilionário, mas acabou desistindo após notícia de que o banco digital Cactvs tinha problemas de governança. Além do BNB, o Banco da Amazônia (Basa) também tinha excluído a Cactvs da seleção de gestor para seu programa de microcrédito.
O anúncio do novo presidente do BNB ocorre também em meio ao fortalecimento de dois caciques da política nordestina, ligados ao PP, partido do Centrão: o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), que ganhou poderes de dar a última palavra na gestão do orçamento do governo, e o presidente da Câmara, Arhur Lira (PP-AL), que tem evitado pautar um processo de impeachment de Bolsonaro diante de sucessivos pedidos encaminhados pelos deputados em dois anos de pandemia da Covid-19.
(Atualiza às 15h com detalhes do contexto do anúncio)
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