Bloomberg — Os alimentos estão ficando mais caros em todo o mundo devido ao aumento na demanda e à escassez causada por problemas de transporte e cadeia de suprimentos. E o momento não poderia ser pior, já que há cada vez menos estímulo do governo e a poupança do consumidor começa a secar.
O gráfico de hoje, que analisa o Índice Mundial de Preços de Alimentos da ONU para Agricultura e Alimentação, mostra como os preços dos alimentos voltaram para onde estavam em 2011. Esses aumentos foram atribuídos ao clima seco que afetou os grandes produtores de grãos, incluindo uma seca nos Estados Unidos e um incêndio na Rússia, que destruiu sua safra de grãos. O impacto foi ampliado nos países do Oriente Médio, onde o pão é um alimento básico, com alguns analistas geopolíticos dizendo que foi um fator que contribuiu para a Primavera Árabe.
Agora, a recuperação pós-pandemia está fazendo com os preços a mesma coisa que desastres naturais e guerras civis fizeram uma década atrás, para se ter uma ideia da magnitude do problema.
A demanda impulsionada pela covid está tendo um grande impacto na inflação de alimentos, já que mais pessoas optam por cozinhar e comer em casa em vez de ir a restaurantes. No outono passado, os dados de vendas no varejo indicaram que os gastos com alimentos e bebidas foram um dos principais impulsionadores dos aumentos de preços. E enquanto os dados de dezembro mostraram que os gastos podem estar diminuindo, as vendas no varejo de alimentos e bebidas ainda aumentaram 9,3% ano a ano.
Mercados emergentes como México e Colômbia estão sentindo o aperto, já que os preços dos alimentos frescos aumentam a inflação e pressionam seus bancos centrais a elevar as taxas mais rapidamente do que os países do G-10 para combater a inflação. Nos Estados Unidos, o impacto pode ser visto nos lucros da rede de supermercados Albertsons, que está tendo que aumentar os salários e aumentar as contratações para dar conta do aumento das vendas de produtos frescos.
A questão agora é o quanto os preços podem subir antes de desencorajar os gastos? É um número difícil de definir. A energia, por exemplo, também é um grande impulsionador da inflação, e os veteranos do setor acreditam que a demanda começará a diminuir se o petróleo atingir US$ 100/barril. Encontrar o mesmo nível para alimentos é difícil devido aos efeitos do estímulo fiscal e da poupança sobre os gastos e a demanda. Portanto, resta apenas esperar o mercado para ver como tudo isso se desenrola.
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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