Cripto: Moedas digitais geram escrutínio do Banco de Israel

Banco central do país realizará estudos ao longo do ano para avaliar diferentes tipos de dinheiro digital

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Bloomberg — O Banco de Israel, já acostumado a testar os limites da política monetária, está ansioso para não ficar para trás no novo terreno onde outros bancos centrais entraram.

As autoridades de Jerusalém estão ampliando suas pesquisas sobre moedas digitais de bancos centrais (CBDC, na sigla em inglês) e sondando as partes interessadas sobre riscos e benefícios, de acordo com Yoav Soffer, chefe do projeto de shekel digital do banco. Mas seu lançamento ainda é hipotético, devido a questões que vão desde o custo do token até o impacto no sistema bancário, disse Soffer.

Depois de realizar experimentos usando o Ethereum, o banco central está planejando mais estudos técnicos este ano para avaliar a viabilidade de diferentes tipos de dinheiro digital, disse Soffer em entrevista. “Neste momento, estamos aumentando os recursos dedicados ao projeto de shekel digital, tanto em termos de finanças quanto de pessoas”, disse. “Um shekel digital tem grande potencial para aumentar a concorrência e a inovação na indústria de pagamento”.

Analistas do Bank of America (BAC) argumentaram que os bancos centrais inevitavelmente lançarão suas moedas digitais para evitar o risco de perder o controle monetário em um mundo de criptomoedas descentralizadas e o potencial de um dólar digital amplamente adotado.

Aos trancos e barrancos, Israel está começando a explorar a ideia de uma CBDC após ter arquivado seu esforço inicial em 2018, quando uma equipe criada pelo banco central recomendou não emitir uma versão digital do shekel.

Embora os bancos centrais das maiores economias do mundo estejam explorando ativamente a perspectiva de tokens digitais que possam eventualmente substituir a moeda física, são as pequenas nações insulares do Caribe e do Atlântico Ocidental que assumiram a dianteira.

As Bahamas lançaram uma das primeiras moedas digitais de bancos centrais do mundo em 2020 – apenas algumas semanas antes do Banco Central do Caribe Oriental. A Nigéria seguiu o mesmo caminho no ano passado, e o Banco Popular da China poderá em breve se tornar o primeiro grande banco central a emitir uma versão digital de sua moeda. Nos EUA, o Federal Reserve planeja publicar um relatório sobre moedas digitais nas próximas semanas.

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Há riscos?

Um token como o shekel digital poderia “reduzir o risco à estabilidade financeira e à soberania monetária” se o público adotar moedas privadas ou moedas digitais emitidas por outros bancos centrais, segundo relatório de maio de 2021 do Banco de Israel.

Em Israel, cujo shekel teve uma das maiores altas do mundo em relação ao dólar no ano passado, o banco central vem intervindo fortemente no mercado de moeda estrangeira para conter a taxa de câmbio.

O banco reiniciou a pesquisa em sua própria moeda digital no final de 2020, liderada por Soffer, que trabalha para o vice-governador Andrew Abir. O programa também analisará o impacto que um shekel digital pode ter na economia, nos sistemas de pagamentos, nos bancos e nos mercados de crédito de Israel.

As autoridades israelenses conversaram com uma ampla gama de partes interessadas no ano passado, incluindo empresas nacionais e estrangeiras de tecnologia, bem como outros bancos centrais, de acordo com Soffer.

Embora a maioria das respostas tenha sido “muito favorável”, algumas preocupações foram levantadas sobre a proposta do banco de que uma futura CBDC possa ser completamente ou quase isenta de taxas.

“Muitas, muitas instituições do setor privado estão interessadas em contribuir para o nosso trabalho”, disse. “Precisamos dar nossos passos e ver o que precisamos e quando”.

--Com a colaboração de Carolynn Look e Stacy-Marie Ishmael.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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