Bloomberg Línea — O forte recuo dos dados de varejo nos Estados Unidos ofuscou a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio brasileiro e pressionou os mercados. A inflação mais uma vez foi dominante nas compras dos americanos e desestimulou os gastos, levando o recuo de dezembro ao maior em dez anos.
O valor das compras gerais caiu 1,9%, após um ganho revisado de 0,2% no mês anterior, como mostraram os números do Departamento de Comércio nesta sexta-feira (14). Eles não são ajustados pela inflação, sugerindo que os ganhos ajustados aos preços foram ainda mais fracos do que o resultado demonstrado. A estimativa mediana em uma pesquisa da Bloomberg esperava uma queda de somente 0,1% em relação ao mês anterior.
- Perto das 11h00, o Ibovespa (IBOV) caía 0,18%, a 105.337 pontos, após tocar os 105.028 pontos na mínima deste pregão
- A Vale (VALE3) era a maior contribuição para a queda do índice, enquanto BR Malls (BRML3) figurava na ponta oposta
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- O dólar subia 0,26%, a R4 5,562, enquanto os vencimentos dos juros recuavam. O DI para janeiro de 2023 caía de 11,915% para 11,910%
- Nos EUA, o futuro do Dow Jones caía 0,85%, do S&P 500, 0,89% e do Nasdaq, 0,84%
Contexto
Já no Brasil, os dados do varejos surpreenderam positivamente, conforme analistas. Ainda que com uma alta tímida, a expectativa predominante do mercado era de queda.
Conforme divulgado na manhã de hoje (14) pelo IBGE, as vendas no varejo brasileiro tiveram uma alta mensal de 0,6% em novembro, mês da Black Friday, com queda em cinco das oito atividades monitoradas. No ano, o varejo acumula alta de 1,9% e nos últimos doze meses, também crescimento de 1,9%.
De acordo com analistas de mercado, o dado foi uma surpresa positiva, dada a Black Friday mais fraca que o esperado, a pressão da inflação e a renda deprimida.
“As atividades varejistas têm sido prejudicadas pela inflação bastante pressionada, salários baixos, aperto das condições financeiras e deslocamento de maior proporção dos gastos das famílias do mercado de bens para serviços (na esteira da reabertura econômica)”, disse Rodolfo Margato, economista da XP.
“Logo, não interpretamos a surpresa positiva com o desempenho das vendas em novembro como um sinal de reversão de tendência”, disse. “Ademais, as estatísticas do mercado de crédito seguem sólidas, mas a acentuada elevação dos juros e o crescente comprometimento de renda das famílias tendem a arrefecer as concessões ao longo de 2022.”