Exterior pressiona, após dados fracos nos EUA, e Ibovespa cai

Os mercados digerem as divulgações de dados de varejo na manhã desta sexta (14), tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil

Registro do comércio em novembro veio melhor que as expectativas de mercado
14 de Janeiro, 2022 | 11:22 AM

Bloomberg Línea — O forte recuo dos dados de varejo nos Estados Unidos ofuscou a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio brasileiro e pressionou os mercados. A inflação mais uma vez foi dominante nas compras dos americanos e desestimulou os gastos, levando o recuo de dezembro ao maior em dez anos.

O valor das compras gerais caiu 1,9%, após um ganho revisado de 0,2% no mês anterior, como mostraram os números do Departamento de Comércio nesta sexta-feira (14). Eles não são ajustados pela inflação, sugerindo que os ganhos ajustados aos preços foram ainda mais fracos do que o resultado demonstrado. A estimativa mediana em uma pesquisa da Bloomberg esperava uma queda de somente 0,1% em relação ao mês anterior.

Contexto

Já no Brasil, os dados do varejos surpreenderam positivamente, conforme analistas. Ainda que com uma alta tímida, a expectativa predominante do mercado era de queda.

Conforme divulgado na manhã de hoje (14) pelo IBGE, as vendas no varejo brasileiro tiveram uma alta mensal de 0,6% em novembro, mês da Black Friday, com queda em cinco das oito atividades monitoradas. No ano, o varejo acumula alta de 1,9% e nos últimos doze meses, também crescimento de 1,9%.

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De acordo com analistas de mercado, o dado foi uma surpresa positiva, dada a Black Friday mais fraca que o esperado, a pressão da inflação e a renda deprimida.

“As atividades varejistas têm sido prejudicadas pela inflação bastante pressionada, salários baixos, aperto das condições financeiras e deslocamento de maior proporção dos gastos das famílias do mercado de bens para serviços (na esteira da reabertura econômica)”, disse Rodolfo Margato, economista da XP.

“Logo, não interpretamos a surpresa positiva com o desempenho das vendas em novembro como um sinal de reversão de tendência”, disse. “Ademais, as estatísticas do mercado de crédito seguem sólidas, mas a acentuada elevação dos juros e o crescente comprometimento de renda das famílias tendem a arrefecer as concessões ao longo de 2022.”

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.