‘Venda dólar’ ecoa nas mesas de negociação pelo mundo

Visão é que moeda americana atingiu pico e recomendação é aplicar em ações de emergentes, ouro e prata

Dólar perde terreno para outros ativos
Por Ruth Liew e Joanna Ossinger
13 de Janeiro, 2022 | 01:13 PM

Bloomberg — Venda dólar e coloque o dinheiro em ativos como ações de mercados emergentes e ouro à medida que a recuperação econômica mundial ganha força, dizem os gestores de recursos ao redor do globo.

Um coro crescente de investidores tem apostado que a moeda americana atingiu um pico em uma reviravolta dramática de um mês atrás, quando o posicionamento no dólar era o mais otimista desde 2015. A K2 Asset Management recomenda trocar dólar por títulos emergentes de países asiáticos e ações europeias, enquanto a Brandywine Global Investment Management está comprando moedas de países vinculados a commodities. Bleakley Advisory Group LLC prefere ouro e prata.

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“O dólar atingiu seu pico”, disse Jack McIntyre, gerente de recursos da Brandywine que ficou vendido no mês passado em relação ao peso australiano e chileno. “Está supervalorizado, as pessoas estão há muito tempo nisso. Para mim, o maior fator que vai enfraquecer o dólar é a melhora do crescimento global.”

  

O índice Bloomberg Dollar Spot (DXY) perdeu 0,6% na quarta-feira, a maior queda desde maio, com venda da moeda americana após dados de inflação em linha com as previsões do mercado. Nesta quinta, o índice tinha caia mais 0,2% perto das 10h (12h em Brasília).

As perdas foram exacerbadas à medida que os fundos que tentaram antecipar uma postura mais dura do Federal Reserve desfizeram suas posições compradas. Ao mesmo tempo, melhora do crescimento da Alemanha à China corroboravam visão de oportunidades de valor fora da maior economia do mundo.

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“Em retrospectiva, o dólar só subiu no ano passado porque o Fed estava à frente do Banco do Japão e do Banco Central Europeu no aperto monetário”, disse Peter Boockvar, diretor de investimentos do Bleakley Advisory Group em Nova Jersey. Nesse ambiente, “ainda prefiro ouro e prata” como alternativa ao dólar, disse.

É provável que o dólar continue a perder força, já que a hipótese de um déficit maior nos EUA e uma recuperação global mais ampla favorecendo ativos fora dos Estados Unidos começa a se concretizar, dizem os investidores.

No escritório da K2 Asset Management na Collins Street de Melbourne, George Boubouras procura oportunidades para comprar tudo, desde o peso chileno até títulos soberanos no Sudeste Asiático.

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“O pico do dólar definitivamente ficou para trás”, disse Boubouras, chefe de pesquisa da gestora do fundo. “Os operadores de câmbio estão levando em consideração os aumentos do Fed e a recuperação econômica efetivamente agora. Há muitas oportunidades em títulos soberanos, crédito e ações de mercados emergentes até a Europa, com a convicção de que o dólar pode enfraquecer ainda mais.”

  Dólar perde força

O Barings Investment Institute é apenas uma das empresas que vê o dólar enfraquecendo em relação aos seus pares de mercados emergentes.

“A queda do dólar representa uma parte natural da recuperação global, à medida que os mercados analisam os riscos atuais da ômicron para uma pandemia que é muito mais gerenciável este ano”, disse Christopher Smart, estrategista-chefe global e chefe da Barings Investment em Boston. “À medida que a atividade econômica se normalizar, deve haver ainda mais fluxos de capital para outras partes do mundo. As moedas de mercados emergentes devem finalmente se beneficiar da recuperação.”

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Ainda otimista

Enquanto os apostadores contra o dólar estão encontrando espaço, outros dizem que ainda é muito cedo para abandonar o dólar.

A recente queda da moeda americana refletiu apenas o alívio dos investidores de que não houve surpresas hawkish nos números de inflação de quarta-feira e na recente fala do presidente do Fed, Jerome Powell, disse Ilya Spivak, chefe da grande Ásia no DailyFX.

“Eu não acho que tenha atingido o pico”, disse ele. O dólar “continua a parecer construtivo pelo resto deste ano, mas é claro que os mercados não se movem em linha reta”.

Os fundos de hedge também permanecem otimistas e até aumentaram suas posições compradas no dólar em relação a uma cesta de oito outras moedas importantes nas últimas três semanas, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission compilados pela Bloomberg.

O Citigroup Global Markets Inc. aponta o aumento das taxas de juros nos EUA e o aperto quantitativo do Fed como “tipicamente negativo” para taxas e moedas de mercados emergentes.

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