Bloomberg Línea — O consumo dos lares brasileiros em 2021 será menor do que o esperado. O dado consolidado do levantamento mensal da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) será divulgado apenas em fevereiro, mas a entidade já anunciou que o número deve ser menor do que o previsto anteriormente. O crescimento do consumo do ano passado, que estava estimado em 4,5%, agora, já é previsto para ser de 3%.
E esse crescimento se deve, principalmente, aos resultados obtidos no primeiro semestre do ano passado. No entanto, o aumento da inflação, as oscilações do câmbio, o crescimento das exportações e o desequilíbrio das cadeias de abastecimento provocado pela estiagem acabaram por mudar o cenário na segunda metade do ano. “No primeiro semestre houve um consumo muito grande. Houve uma mudança de patamares em comparação aos anos anteriores”, disse Márcio Milani, vice-presidente da Abras.
Para 2022, as perspectivas são de estabilidade, com um leve viés de queda. A Abras prevê que o consumo dos lares deste ano apresentará um crescimento de 2,8% neste ano, em linha com o que foi o ano passado. “Estamos sendo mais conservadores, mas se olharmos para uma projeção do PIB de 0,5% teremos um crescimento bastante expressivo”, diz Milani.
O executivo destaca que existem cinco fatores que ainda merecem atenção do setor e que podem influenciar negativamente no consumo deste ano. O primeiro deles é o índice de confiança do consumidor, que caiu de 80% em dezembro de 2020 para 75% no mês passado. Além disso, a inflação projetada para 2022 em 5%, no topo da meta, a queda de 7% na renda média da população, o endividamento das famílias e o próprio crescimento do PIB completam a lista de atenção.
Mas ainda existem pontos que oferecem esperança para o consumo deste ano. O aumento do salário mínimo, a implementação do Renda Brasil com um valor superior ao Bolsa Família, a inclusão de mais pessoas no programa social e a queda do desemprego esperada são alguns dos motivos que ainda mantêm o otimismo do setor supermercadista.
Apesar de um consumo menor do que o esperado, novembro apresentou uma queda no preço médio de uma cesta com os 35 produtos mais consumidos pelas pessoas nos supermercados do Brasil. A cesta Abras Mercado, que havia superado os R$ 700 em outubro, apresentou uma ligeira retração de 0,32% para R$ 697,80. Esse foi o primeiro recuo nos últimos nove meses.
Entre os produtos que apresentaram as maiores quedas em comparação a outubro estão a carne bovina, queijo, leite e batata, que recuaram 4,6%, 3,1%, 2,7% e 2,6% respectivamente. A queda só não foi mais acentuada porque alguns itens ainda apresentam altas expressivas. A cebola avançou 25,2% em novembro sobre outubro, os preços do extrato de tomate subiram 22,3%, o café teve alta de 10% e o biscoito maisena teve uma valorização de 6,5%.
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