São Paulo — A varejista Via (VIIA3), dona das bandeiras Casas Bahia, Ponto, Extra.com.br e Bartira, assinou contrato de aquisição da logtech CNT. O valor do negócio não foi divulgado no fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na manhã desta quarta-feira (12).
“Esta transação está alinhada à estratégia de consolidar a Via como um dos grandes players de e-commerce no Brasil. A aquisição da CNT possui como principal diferencial estratégico a oferta de um pacote único de soluções de logística para operação de e-commerce e deve proporcionar uma rápida e consistente melhora no nível de serviço aos clientes e parceiros do marketplace da Via, principalmente no que se refere à experiência de compra e velocidade de entrega de pedidos”, diz o fato relevante.
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Ao descrever a CNT, a Via cita que ela tem dois centros de distribuição localizados em Barueri (SP) e Serra (ES) e conta com uma carteira de clientes com marcas como Café Pilão, Goodyear, Gradiente, CIMED, Jafra, Santa Lolla e Kraft Heinz. Os sócios-fundadores da logtech vão se tornar executivos da Via, segundo o fato relevante.
Sobre o valor da transação, a Via diz que é composto por uma parcela fixa e uma variável (earn-out), sendo que esta última está condicionada ao atingimento de metas de desempenho e à permanência dos principais executivos da CNT à frente do negócio. “Considerando apenas a parcela fixa do preço, a transação implica em um múltiplo de cerca de 0,20x GMV 2021. A aquisição demonstra disciplica da Via em identificar transações de M&A que geram e destravam valor para o seu negócio”, comenta o fato relevante.
A Via considera que a transação traz diluição de custos logísticos e contribui para o aumento do NPS (Net Promoter Score) da companhia, elevação do valor do cliente ao longo do tempo (LTV) e redução do custo de aquisição de novos clientes (CAC). “Adicionamento, a aquisição da CNT expande o portfólio de serviços para os parceiros de nosso ecossistema atual, gerando oportunidades de cross-sell de forma agnóstica a atuais e potenciais novos parceiros ou indústrias buscando soluções completas de e-commerce”, destaca a companhia.
Atualmente, no contexto de alta dos juros para conter a inflação, o varejo online brasileiro tenta se adaptar ao novo cenário macroeconômico diante do menor poder de compra dos consumidores em meio ao desemprego em patamar elevado e à desvalorização do real. Magazine Luíza (MGLU3), um dos principais concorrentes da Via, fez, no ano passado, uma série de aquisições de pequenas empresas ligadas ao setor de tecnologia para melhorar seu marketplace, mas devido à nova realidade da economia brasileira, tem visto suas ações acumularem perdas na B3, frustrando investidores que apostaram em seu papel no primeiro ano da pandemia da Covid-19.
Ao divulgar seu resultado financeiro do terceiro trimestre de 2021, em novembro, a Via manteve seu guidance (projeção oficial) de aumentar seu market share no varejo digital dos atuais 16% para pelo menos 20% até 2025. Além de Magalu, o grupo varejista disputa mercado com nomes como Carrefour, Amazon, Mercado Livre, Americanas, além das plataformas chinesas AliExpress e Shopee.
Em entrevista à Bloomberg Línea em novembro, o CEO da companhia, Roberto Fulcherberguer, disse que a Via planejava acelerar a abertura de lojas físicas, priorizando praças onde ainda não possui presença física. Ele considerou que esses espaços ajudam a reduzir os custos de logística e a hospedar os seus 20 mil vendedores onlines, importante elo para fidelizar sua clientela, em um contexto de maior competição no varejo brasileiro, principalmente nas operações digitais.
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