Bloomberg — A Volkswagen está apostando que a demanda por veículos elétricos e a redução das restrições na oferta a ajudarão a voltar a crescer na China este ano, depois que a escassez global de chips prejudicou as vendas em 2021.
As entregas caíram para 3,3 milhões de veículos no ano passado, uma queda de 14% em relação a 2020, quando a primeira onda de coronavírus varreu o país, disse o presidente-executivo da China, Stephan Wollenstein, a repórteres em Pequim na terça-feira (11). Isso impediu que atingíssemos a meta interna do grupo, disse ele.
A marca VW foi responsável por cerca de 2,26 milhões de entregas, ou cerca de 11% do mercado automobilístico chinês. Isso se compara a uma participação anterior de 14% a 15%, que Wollenstein descreveu como uma “perda substancial”.
O baixo desempenho da montadora alemã em um de seus principais mercados ilustra como as montadoras globais foram atingidas pela escassez de semicondutores que começou no final de 2020, bem como surtos de coronavírus que provocaram lockdowns imediatos, já que a China tem uma rigorosa política Covid-Zero.
“Se você conversar com nossos colegas de logística e produção, provavelmente dirão que este é o momento mais difícil em sua vida empresarial”, disse Wollenstein. “Temos que ajustar nossos programas de produção mais ou menos semanalmente, dependendo do que estamos recebendo como suprimentos globalmente e das dificuldades com as quais temos que lidar localmente.”
Surtos recentes nas cidades de Ningbo e Tianjin causaram paralisações na fábrica de joint venture da Volkswagen e nos principais fornecedores, o que afetou a produção da série ID de carros elétricos. A empresa entregou 70.625 IDs desde seu lançamento em março, deixando de alcançar a meta original de 80.000 a 100.000.
Para 2022, o grupo tem como alvo um retorno aos níveis de 2020, o que adicionaria 500.000 a 600.000 unidades às vendas, disse Wollenstein. A empresa está confiante em dobrar as vendas da série ID, para cerca de 140.000, disse ele. Em comparação, os fabricantes locais de veículos elétricos Nio, Xpeng e Li Auto entregaram entre 90.000 e 100.000 veículos no ano passado.
Embora a China tenha suspendido as restrições à participação de montadoras estrangeiras em joint ventures locais, Wollenstein disse que a medida “efetivamente não significará muito”, dados os custos e a disposição de mudar as parcerias atuais. A VW tem uma participação de 40% em um empreendimento com o China FAW Group e um empreendimento meio a meio com a SAIC Motor.
Apesar de alguns atritos, as parcerias são “no geral muito benéficas” e “não há razão para nos afastarmos”, disse ele.
Cui Dongshu, secretário-geral da Associação de Carros de Passageiros da China, disse em um briefing separado na terça-feira (11) que o “modelo de propriedade totalmente estrangeira pode não ser a melhor escolha, pois as montadoras ainda dependem da infraestrutura e outras instalações fornecidas por seus parceiros locais”.
Wollenstein deixará o cargo no final de agosto, depois de servir mais de 10 anos na China. Ele será substituído pelo CEO da marca Volkswagen, Ralf Brandstaetter, disse a empresa no mês passado.
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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