Bloomberg Línea — As fortes chuvas que castigam o estado de Minas Gerais, berço de plantas de mineração das gigantes Vale, Usiminas e CSN, estão levando à interrupção da produção e escoamento dessas empresas e podem elevar os preços da commodity para a exportação à China.
Segundo analistas da consultoria S&P e da Ágora e do Bradesco BBI, braços de investimentos do banco Bradesco, as fortes chuvas devem agravar a sazonalidade da produção mais fraca do primeiro trimestre para os produtores locais principalmente para a Vale.
Ontem, a mineradora brasileira paralisou o Sistema Sudeste no trecho Rio Piracicaba-João Monlevade, impedindo o escoamento do material em Brucutu e no complexo de Mariana, que estão com a produção suspensa.
Segundo a mineradora, o trecho Desembargador Drummond-Nova Era também está paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira.
As medidas são para evitar possíveis deslizamentos de terra, provocados pela intensa quantidade de água que atinge a região desde o início do ano e que já levou 145 municípios a declararem estado de emergência.
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O Brasil é a segunda maior fonte de minério de ferro da China, depois da Austrália. Os Sistemas Sul e Sudeste da Vale responderam por cerca de 40% da produção de minério de ferro da empresa nos primeiros nove meses de 2021.
Preços do minério de ferro podem subir
Os analistas Thiago Lofiego, do Bradesco BBI, e José Cataldo, da Ágora Investimentos, mantiveram a recomendação de compra para os papéis da Vale, projetamos que o preço do minério de ferro fique em média US$ 100 em 2022, chegando a US$ 110 primeiro trimestre. Segundo eles, esse estimativa pode ainda subir a depender na interrupções do fornecimento pela companhia.
Já os analistas da S&P lembram que a demanda pela commodity na China voltou a crescer no final de 2021, seguindo os planos de produção de aço mais fortes e estímulos antecipados no país após um ajuste na produção no final do ano.
Eles apontam que os compradores chineses, e de outros países, estão acostumados com interrupções na produção global no início do ano, afetada pela estação chuvosa no Brasil, juntamente com a chuva e os ciclones na Austrália e o clima de inverno no Canadá e na Rússia.
“Isso geralmente reduz as taxas de remessa e aumenta a disponibilidade nos primeiros meses do ano”, escrevem, lembrando, no entanto, que após o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro no Brasil, levando aos desastres de Brumadinho e Mariana, o governo exigiu verificações e classificações mais rigorosas para a Vale.
A companhia disse que continua monitorando as barragens em tempo real e que não há dados que levem a mudanças no nível de classificação de emergência em nenhuma de suas estruturas.
--Com a colaboração de Sérgio Ripardo
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