Banco Central admite que não cumprirá meta de inflação em 2022

Fatores globais, incluindo os altos preços das commodities, foram os principais impulsionadores da inflação

BC envia carta explicando por que não levou inflação à meta em 2021
Por Maria Eloisa Capurro
11 de Janeiro, 2022 | 08:42 PM

Bloomberg — O Banco Central sinalizou que a inflação terminará 2022 acima da meta e disse que um ciclo “significativamente restritivo” de aumentos nas taxas de juros ajudará a reduzir os aumentos de preços abaixo de 5%.

A inflação está convergindo para a meta no horizonte de tempo relevante, que inclui 2022 e 2023, escreveu o presidente do banco, Roberto Campos Neto, em carta publicada nesta terça-feira. “Nesse cenário, em 2022 a inflação permanece acima da meta, mas dentro da faixa de tolerância, dados os fatores inerciais observados em 2021″, escreveu.

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A inflação anual atingiu 10,06% em dezembro, informou o IBGE nesta terça-feira, acima da meta de 3,75% do banco central e do teto de tolerância de 5,25%. Por lei, o presidente do banco tem que escrever uma carta ao Ministério da Economia sempre que o aumento da inflação no final do ano estiver acima ou abaixo do intervalo de tolerância.

Fatores globais, incluindo os altos preços das commodities, foram os principais impulsionadores da inflação do ano passado, escreveu Campos Neto. Uma seca severa também elevou as contas de eletricidade. Para complicar as coisas, o real não se fortaleceu apesar do aumento das exportações, já que os investidores pesaram os problemas fiscais do país.

O banco central elevou as taxas de juros em 725 pontos base desde março para 9,25%. Em sua carta de hoje, Campos Neto escreveu que um terceiro aumento consecutivo de 150 pontos-base é esperado em fevereiro durante a primeira reunião de política monetária do ano.

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Desde o início do regime de metas de inflação no Brasil em 1999, todo presidente de banco central teve que escrever uma carta semelhante em pelo menos uma ocasião. A última vez que a inflação esteve fora da faixa de tolerância foi em 2017, sob o governo de Ilan Goldfajn. Nesse ponto, os aumentos de preços ao consumidor encerraram o ano em 2,95%, abaixo da faixa de tolerância.

O Banco Central do Brasil terá como meta de inflação de 3,5% este ano e 3,25% em 2023, com faixas de tolerância de mais ou menos 1,5 ponto percentual.

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