São Paulo — As principais companhias aéreas do Brasil - Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Latam (LTM) - estão sendo obrigadas a alterar voos devido à multiplicação de casos de tripulantes acometidos pela covid-19 e influenza. As empresas evitam comunicar à imprensa o número exato de funcionários afastados pela doença neste momento em que a variante ômicron e surtos de síndromes gripais se disseminam pelo planeta, ameaçando o movimento de recuperação do setor aéreo em plena alta temporada do turismo de férias. O Procon-SP notificou hoje as três companhias a prestarem esclarecimentos sobre a situação, dando prazo até a próxima quarta-feira para envio de dados sobre número de trabalhadores doentes, total de voos cancelados e medidas preventivas adotadas diante do surto de infecções.
“A Azul informa que, por razões operacionais, alguns de seus voos do mês de janeiro estão sendo reprogramados. A companhia registrou um aumento no número de dispensas médicas entre seus tripulantes – casos esses que, em sua totalidade, apresentaram um quadro com sintomas leves - e tem acompanhado o crescimento do número de casos de gripe e covid-19 no Brasil e no mundo”, diz a Azul em nota enviada à Bloomberg Línea.
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A companhia aérea acrescentou, sem dizer o total de voos afetados, que “mais de 90% das operações da companhia estão funcionando normalmente e que os clientes impactados estão sendo notificados das alterações, reacomodados em outros voos da própria companhia e recebendo toda a assistência necessária conforme prevê a resolução 400 da Anac”.
Já a Latam disse que, em função do recente aumento de casos de covid-19 e de Influenza, precisou cancelar no Brasil cerca de 1% dos voos domésticos e internacionais programados pela companhia dentro e de/para o país durante todo o mês de janeiro. “São 49 voos cancelados hoje. E um total de 106 entre domingo e a próxima sexta-feira, dia 14, previstos até o momento”, detalhou a empresa.
Ontem, a Latam registrou o caso de um comandante de aeronave que desfalcou a equipe após descobrir estar com covid-19. “O voo LA8115 (Barcelona-São Paulo) deste domingo (9/11) pousou no aeroporto de Fortaleza porque um dos três comandantes da aeronave foi diagnosticado com covid-19 antes do embarque na Espanha, onde permanece em recuperação. O voo até Fortaleza, portanto, foi conduzido por dois comandantes, que atingiram o limite de horas trabalhadas de acordo com a Lei do Aeronauta vigente”, relatou a companhia de origem chilena.
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Em nota, a Latam lamentou os transtornos causados e informou que está prestando toda a assistência necessária aos passageiros, que embarcarão de Fortaleza para São Paulo/Guarulhos no voo LA9001, previsto para decolar às 17h desta segunda-feira (10). Passageiros em conexão serão acomodados em outros voos da companhia a partir de São Paulo para seus respectivos destinos finais.
Já a Gol garante que segue sem nenhum voo cancelado por este motivo até o momento. “Houve nos últimos dias um aumento dos casos positivos entre colaboradores, mas nenhum voo foi cancelado ou sofreu alteração significativa por este motivo. Os funcionários que apresentam resultado positivo estão sendo afastados das funções para se recuperarem em casa com segurança”, diz a companhia em nota enviada à Bloomberg Línea, nesta tarde.
Em relação aos clientes, a Gol diz que os casos positivos reportados antes do embarque estão sendo tratados com três opções oferecidas aos passageiros: cancelamento com o reembolso do valor total; cancelamento, mas com o valor total deixado como crédito para futuras compras; ou remarcação sem custos adicionais.
“A Gol Linhas Aéreas está atenta ao aumento de casos de covid e influenza que está sendo registrado em todo o Brasil. Aumentamos o alerta para nossas equipes que atuam nos aeroportos e em nossos voos para redobrarem os cuidados. O uso de máscara é obrigatório em todas nossas operações. A companhia tem tomado medidas internas, todas dentro das normas regulatórias, para garantir a operação dos próximos dias”, afirma nota da empresa, que diz ter 100% dos seus colaboradores vacinados.
Procon
O Procon-SP notificou, nesta segunda-feira (10), Azul, Gol e Latam pedindo explicações sobre os cancelamentos de voos ocorridos nos últimos dias tendo em vista o aumento de casos de covid e influenza nas tripulações. Segundo comunicado do órgão de defesa do consumidor, as empresas deverão informar até a próxima quarta-feira quantos voos foram cancelados, quantos passageiros foram afetados, a previsão para os próximos 15 dias e qual o plano de contingência para minimizar os danos sofridos pelos consumidores.
Segundo o Procon-SP, as aéreas também deverão explicar como, e com qual antecedência, os consumidores estão sendo informados, se estão recebendo assistência material e quantos passageiros optaram pelo reembolso ou pela reacomodação em outro voo. No caso de reembolso, o Procon-SP quer saber em que prazo será feito pelas empresas.
O Procon-SP também questiona as empresas sobre quantos funcionários estão com covid e com influenza no momento, se foi exigida vacinação para ambas as doenças, se existe testagem contínua dos funcionários e se é adotada escala subsidiária para a tripulação (reserva de segurança para a manutenção dos serviços).
Estamos vivendo um novo surto de pandemia, que tem provocado uma série de consequências, como os cancelamentos de voos. Mesmo não sendo responsável por esses cancelamentos, a empresa aérea tem o dever de devolver o dinheiro ao consumidor ou, se ele preferir, remarcar a data do voo sem qualquer despesa adicional”, disse o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez, na nota. “Como a lei 14.034, que beneficiava as companhias aéreas, não está mais em vigor esse reembolso deve ser feito em até sete dias a partir da solicitação”, acrescentou.
A Latam informou que foi notificada e prestará os esclarecimentos necessários ao órgão. A Gol confirmou o recebimento da notificação e diz que tratará da questão com seu departamento responsável. A Azul não se manifestou.
(Atualiza às 17h20 com notas do Procon-SP e da Latam, e às 18h com nota da Gol)
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