Bloomberg — Novak Djokovic pode ficar na Austrália e concorrer a sua 21ª vitória no Grand Slam depois que um tribunal anulou o cancelamento de seu visto e ordenou a liberação imediata do atleta.
O juiz Anthony Kelly afirmou que o tenista número um do mundo não teve tempo suficiente para reagir após ser notificado, na quinta-feira (6) sobre a comprovação insuficiente para entrar no país segundo as normas para covid. Na tarde desta segunda-feira (10), horário local, foi anunciada em audiência virtual a decisão de que o governo deveria pagar pelos custos do atleta e liberá-lo.
“Se o requerente tivesse mais tempo, poderia ter consultado outras pessoas e apresentado documentos ao delegado para argumentar por que seu visto não deveria ser cancelado”, disse o juiz, dizendo que as circunstâncias eram “irracionais”.
O conselho do governo informou que o ministro da Imigração, Alex Hawke, ainda poderia exercer separadamente seu poder pessoal para avançar com o cancelamento do visto, apesar da decisão. Anteriormente, o conselho havia alertado sobre esse possível resultado.
Djokovic está detido em um hotel em Melbourne para refugiados desde quinta-feira (6), depois que as autoridades de fronteira revogaram sua isenção de vacina do estado de Victoria que lhe permitia jogar o torneio Aberto da Austrália.
A notícia da isenção gerou polêmica no país em que mais de 90% dos adultos estão totalmente vacinados e que enfrentou algumas das restrições mais rigorosas do mundo durante a pandemia. O primeiro ministro Scott Morrison apoiou a oferta subsequente de deportar o jogador após sua chegada à Austrália, destacando a incompatibilidade de política e comunicação entre funcionários federais e estaduais que tem sido uma marca da jornada da Austrália no combate à covid-19.
A maioria dos estrangeiros ainda não pode entrar no país, salvo se apresentarem uma isenção para viagens e estejam totalmente vacinados. Os advogados de Djokovic argumentaram no sábado (8) que ele obteve uma isenção válida após um teste positivo da Covid em 16 de dezembro, mas o governo federal rejeitou essa posição. Este argumentou que os organizadores do torneio foram informados de que uma infecção recente não permitiria que alguém evadisse a exigência de vacinação da Austrália e recebesse um visto de entrada.
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Os australianos que não receberam pelo menos duas doses da vacina estão proibidos de entrar na maioria dos locais fechados no estado de Victoria, em uma tentativa de conter a disseminação da variante ômicron e aliviar a pressão sobre os hospitais. O país relatou mais de 100 mil novos casos de covid-19 pela primeira vez em um único dia no sábado, e os casos mais que dobraram em Victoria, chegando a 51.356.
Djokovic já havia vencido o Aberto da Austrália nove vezes, e sua vitória o tiraria do empate com os rivais de longa data Roger Federer e Rafael Nadal. O torneio começa em 17 de janeiro.
O jogador chegou à Austrália na noite de quarta-feira (5), horário local, e foi interrogado no aeroporto de Melbourne por horas antes que os oficiais da Força de Fronteira decidissem cancelar seu visto. A confusão e a frustração do jogador durante as entrevistas ficaram evidentes em transcrição divulgada logo após a decisão judicial da segunda.
“Estou realmente surpreso por estar nessa situação, porque como eu poderia vir para a Austrália se não tivesse esses documentos oficiais?”, disse Djokovic na transcrição. “Se puder, esperamos até a manhã e posso ligar para a Tennis Australia e então podemos tentar resolver isso. Agora todos estão dormindo”.
Em um documento de 35 páginas divulgado no sábado, seus advogados disseram que o número 1 do mundo recebeu um documento do Departamento de Assuntos Internos da Austrália em 1º de janeiro afirmando que a isenção permitiria que ele entrasse no país.
“O sr. Djokovic entendeu que tinha o direito de entrar na Austrália e em Victoria e competir no Aberto de Tênis da Austrália”, escreveram os advogados.
Em sua resposta, o ministério australiano rejeitou a “chamada ‘isenção médica’” de Djokovic e disse que “não há garantia de entrada de um não cidadão na Austrália”.
A veterana tcheca Renata Voracova deixou a Austrália na noite de sábado, informou a Australian Broadcasting Corp. A atleta havia competido em um torneio classificatório na semana passada. Seu visto foi cancelado pela Força de Fronteira Australiana depois que ela entrou no país com o mesmo tipo de isenção de vacina reivindicada por Djokovic, disse a emissora. Outro dirigente não identificado também deixou o país, afirmou a ABC.
Djokovic, de 34 anos, disse em 2020 ser pessoalmente contra as vacinas, mas depois esclareceu que não era um especialista e que tomaria a decisão certa para ele.
“Eu não gostaria de ser forçado a tomar uma vacina para poder viajar”, disse Djokovic em 2020, meses antes de as primeiras vacinas contra o coronavírus estarem disponíveis.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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