São Paulo — Para embarcar em um voo de Miami para o Brasil, o viajante tem de apresentar um teste negativo de covid-19 com coleta realizada em até 24 horas antes da partida. O limite anterior era de 72 horas, mas o avanço da variante ômicron levou o governo a ser rigoroso no protocolo sanitário, encurtando o intervalo com sua maior percepção dos riscos de uma contaminação com a nova cepa, considerada bem mais transmíssivel e aparentemente menos agressiva no organismo do paciente.
No aeroporto internacional da segunda cidade mais populosa da Flórida, há uma única opção de realizar o exame, tanto o antígeno, aquele rápido de farmácia, até o PCR, que ainda demora a apontar um resultado. Tudo começa com um cadastro feito em página indicada por QR Code, pegar uma fila, passar o cartão de crédito e realizar a coleta nasal. Por e-mail, recebe-se o resultado em até uma hora depois, no caso do antígeno. O PCR sai duas horas depois, aproximadamente.
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O preço dos testes é inflacionado na comparação com o adotado nas farmácias como CVS (CVS) e Wallgreens (WGB). Os laboratórios justificam citando custos de manutenção de uma operação no regime 24h, com diversos funcionários especializados da área médica e de análises clínicas. Pesa ainda a inflação do setor diante da demanda explosiva pelos exames devido ao surto de ômicron e influenza. O antígeno custa US$ 79, enquanto o preço do PCR está em US$ 119. Em reais, dá quase R$ 500 por um teste de farmácia, hoje encontrado por menos de R$ 100 nas regiões centrais das maiores capitais do Brasil. No aeroporto de Guarulhos, o antígeno é achado por R$ 200.
Quem está em Nova York consegue realizar esses exames sem pagar nada. Basta entrar numa fila diante de uma van, cadastrar, se submeter à coleta e aguardar o laudo na caixa de entrada do e-mail. O problema é ter de esperar até três dias o resultado. Como a regra exige teste negativo de 24 horas para embarcar, o exame gratuito de NY não serve. É preciso ter esse custa extra para incluir no cálculo das despesas da viagem.
Há relatos no aeroporto de quem conseguiu apresentar no check-in um exame de três dias e conseguiu embarcar, pois a checagem do documento foi muito rápida e burocrática, ou seja, o funcionário da companhia aérea não perdeu tempo em olhar todos os campos do resultado mostrado na tela do celular do viajante. Na chegada ao Brasil, na passagem pela área de controle de passaporte, é exigida a apresentação do resultado do teste também.
Consultores de viagem já alertavam que os protocolos sanitários nos aeroportos causariam diversos transtornos e ruídos no andamento de uma experiência de turismo, como as inevitáveis rotinas de embarque e desembarque. Na manhã da última segunda-feira (5), o tempo de espera na fila do controle de passaporte no aeroporto de Guarulhos, o maior do país, era de quase duas horas para quem tem o documento digital (marca de conectividade impressa na capa).
No aeroporto de Miami, o passageiro só tem a opção de pagar o exame no cartão de crédito. No último domingo (4), o tempo de espera na fila do local da coleta nasal, localizada no saguão H, era de quase meia hora. Há viajantes que só procuram o PCR, porque os países de destino não aceitam o teste de farmácia, como é o caso do Chile. O Reino Unido deixou de aceitar os testes de antígeno e agora pede que os recém-chegados façam PCR após o desembarque e aguardem o resultado em isolamento
Os protocolos sanitários tornaram o planejamento de uma viagem mais complicado, pois os tempos gastos nos terminais aéreos aumentaram com essas novas rotinas de exames. É preciso estar preparado para receber um resultado positivo para a Covid-19 e considerar as despesas para um período de quarentena, de isolamento em um hotel, antes de voltar para casa. Em geral, os viajantes repetem esses exames a fim de confirmar ou não o resultado. O PCR é visto como mais assertivo do que o antígeno.
Quem viaja em grupo, em família sofre mais. É comum a cena de crianças em carrinhos chorando nas filas ou na hora da coleta nasal. É um estresse adicional à experiência infantil do turismo, que vai desde o impacto agressivo do ambiente da cabine de um aviação nos ouvidos dos pequenos à quebra brusca de rotina diante de lugares e pessoas estranhas, experimentando pela primeira vez uma mudança de cenário, de paisagem, de cultura. O uso da máscara é obrigatório dentro das aeronaves e dos terminais. E agora também em todo o transporte público com as constantes batidas de recorde na contagem de novos casos de infecção.
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