Bitcoin desaba para US$ 40 mil e testa ‘sangue frio’ de investidor cripto

Volumes menores e bolsas desconectadas exacerbam volatilidade de criptoativos no final de semana

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Bloomberg — O Bitcoin (BTC-USD) estendeu a queda no fim de semana, conforme o mais especulativo dos ativos continua a ser atingido com força, enquanto os excessos dos últimos anos são corrigidos dos mercados globais.

A maior criptomoeda por valor de mercado se aproximou neste sábado de US$ 40 mil pela primeira vez desde o final de setembro. A marca eleva as perdas desde o pico de apenas três meses atrás para cerca de 42%. Pouco depois das 21h45 (23h45 em Brasília), o Bitcoin tinha se recuperado e já estava sendo negociado a US$ 41.426, com desvalorização de 0,9%.

O Ether (ETH-USD), o segundo maior ativo digital, também teve perdas, enquanto tokens DeFi populares como Uniswap e Aave permaneceram sob pressão no fim de semana. O Ether era negociado a US$ 3.131,50, com alta de 1,7%.

A instabilidade surge em meio a sinais de que o Federal Reserve está se preparando para combater a inflação por meio da retirada do estímulo. A ata da reunião do banco central em dezembro, publicada na quarta-feira, sinalizou a chance de aumentos das taxas mais cedo e mais rápido do que o esperado, bem como uma potencial redução do balanço patrimonial. Essas ações removeriam a liquidez do sistema, o que poderia tirar o brilho de ativos especulativos e de alto crescimento.

“Se o Fed for ser mais agressivo, os ativos de risco, incluindo criptomoedas, são mais vulneráveis”, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak + Co.

Mike McGlone, da Bloomberg Intelligence, disse que US$ 40 mil é um nível de suporte técnico importante para o token digital. As criptomoedas são um bom barômetro para a redução atual do apetite pelo risco. Mas ele projeta que o Bitcoin acabará saindo na frente, à medida que o mundo se torna cada vez mais digital e a moeda se torna uma garantia de referência.

A pandemia Covid-19 ajudou o Bitcoin a se tornar ainda mais popular à medida que instituições e investidores de varejo se envolveram com o mercado de criptoativos e produtos adjacentes desse universo. Agora que o Fed se tornou mais agressivo, os ativos mais arriscados, como ações e ativos digitais, sofreram. O Bloomberg Galaxy Crypto Index, que rastreia algumas das maiores criptomoedas, perdeu cerca de 10% até sexta-feira desde o início do ano.

As quedas em toda a classe de ativos podem ser o início de um “mini mercado baixista”, de acordo com Eric Ervin, diretor executivo da Blockforce Capital. Os investidores que aderiram recentemente ao segmento podem desistir, deixando os detentores de longo prazo desses ativos como os principais investidores.

“É de tirar o fôlego e desesperar para qualquer investidor que esteja olhando para isso, especialmente se vier de um mercado de ações tradicional”, disse ele. Mas, ele acrescentou, “isso é completamente normal para esta classe de ativos”.

Efeito final de semana

Na verdade, o Bitcoin e outras criptomoedas são famosos por sua volatilidade e são conhecidos por postar grandes oscilações para cima ou para baixo, às vezes em questão de minutos.

As negociações de fim de semana podem exacerbar essa volatilidade. Isso se deve a alguns fatores, incluindo volumes de negociação menores e uma estrutura de mercado que consiste em centenas de bolsas desconectadas que, na verdade, são suas próprias ilhas de liquidez. No início de dezembro, o Bitcoin registrou um mini-crash no fim de semana que o viu perder 21% em seu pior momento.

Enquanto isso, Matt Hougan, CIO da Bitwise, disse que faz sentido ver os preços despencarem à medida que o Fed começa a ficar mais agressivo com a retirada de estímulos. A desaceleração pode durar um pouco porque não há catalisadores óbvios de curto prazo para ajudar a mudar as coisas.

Mas, “os fundamentos dos criptoativos estão mais fortes do que nunca, mesmo com os preços instáveis”, disse ele. “A longo prazo, os fundamentos vencerão.”

--Com a assistência de Emily Graffeo e Anchalee Worrachate.

(atualizado às 23h45 com cotações mais recentes)

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