Bloomberg — As bolsas europeias são um bom abrigo para se proteger da onda de desvalorização das ações globais desencadeada pela perspectiva de alta mais forte dos juros nos EUA. A recomendação é de estrategistas do Goldman Sachs Group (GS).
“O aumento dos juros deve favorecer as bolsas europeias, considerando a maior parcela de setores de menor duração e sensíveis a juros que compõem o índice” de referência do continente, escreveram estrategistas liderados por Sharon Bell em nota divulgada nesta quinta-feira. A Europa também difere dos EUA porque “os múltiplos em grande parte do mercado não parecem particularmente esticados em relação ao que se via no passado”, acrescentaram.
A derrapada do mercado global começou nos EUA após o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalizar aumentos de juros mais agressivos do que muitos previam. Ações de tecnologia — que têm valor com base nas expectativas de crescimento futuro — foram alvo de mais vendas por causa dos múltiplos elevados.
Nos mercados europeus, as oscilações foram bem menores do que nos EUA e Ásia. O índice de referência Stoxx 600 permanece em território positivo de 0,6% este ano, enquanto o S&P 500 caiu 1,5% e o Nasdaq, concentrado em papéis de tecnologia, já perdeu 3,6% em 2022.
Embora as bolsas europeias tenham apresentado desempenho consistentemente inferior ao de seus pares nos EUA desde a crise financeira global, agora “a balança está se inclinando ligeiramente a favor da Europa”, na opinião dos estrategistas do Goldman. Uma grande diferença é a política fiscal, com planejado aumento de gastos na Europa, incluindo um pacote de estímulos associado a sustentabilidade, enquanto o suporte fiscal tende a diminuir nos EUA.
Paralelamente, a “diferença em termos de lucros está se estreitando”, já que as estimativas de lucro futuro por ação estão melhores na Europa do que nos EUA no último ano, afirmou o relatório. Os estrategistas recomendam ações de bancos e empresas de energia na Europa e destacaram o setor de saúde como sua área de crescimento preferida com ações “baratas”.
O Goldman não está sozinho no entendimento de que o mercado europeu se sairá vencedor no retorno à normalidade após a pandemia. “As ações europeias podem cambalear com o primeiro aumento de juros pelo Fed, mas geralmente acabam se recuperando”, escreveram estrategistas do Citigroup liderados por Beata Manthey em nota distribuída na quarta-feira.
“Rendimentos mais altos podem ajudar transações tradicionais com ativos de valor, como ações do Reino Unido e do setor financeiro do continente europeu”, acrescentaram.
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