China tenta acalmar mercados em início de ano tumultuado

O órgão responsável pela supervisão de valores mobiliários diz que adotará várias medidas para prevenir volatilidade

China tenta lidar com volatilidade no início de ano
Por Sofia Horta e Costa
07 de Janeiro, 2022 | 10:36 AM

Bloomberg — A promessa do governo chinês de garantir a estabilidade econômica está sendo testada por uma nova rodada de turbulência nos mercados financeiros do país, levando as autoridades a tomarem medidas mais contundentes neste ano com grande importância política.

Os investidores tiveram muita coisa para digerir esta semana. O fato de a Tencent Holdings diminuir sua participação em uma empresa listada acelerou um movimento de venda de US$ 1,2 trilhão em ações de companhias chinesas de tecnologia. Uma das maiores gestoras de créditos de recebimento duvidoso do país perdeu mais da metade do valor de mercado após um resgate que envolveu US$ 6,6 bilhões.

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A China Evergrande Group suspendeu negociações de seus papéis no mercado após receber ordens para demolir dezenas de prédios de apartamentos. Outra incorporadora imobiliária deu calote e provocou a derrapada dos junk bonds denominados em dólar de empresas chinesas. Do exterior, a postura mais agressiva do banco central americano (Federal Reserve) derrubou o yuan, levando a um alerta da imprensa estatal.

O órgão responsável pela supervisão de valores mobiliários adotará várias medidas para prevenir “firmemente” a volatilidade do mercado, declarou o comandante da agência, Yi Huiman, em entrevista à TV estatal veiculada na quinta-feira. No setor imobiliário, autoridades reguladoras pediram que os bancos aumentem empréstimos neste trimestre e flexibilizaram uma restrição que vinha limitando as compras de imóveis.

A turbulência nos mercados financeiros ameaça se sobrepor a eventos cuidadosamente planejados para este ano. As Olimpíadas de Inverno em Pequim — que já sofrem um boicote diplomático liderado pelos EUA — acontecem entre 4 e 20 de fevereiro.

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No quarto trimestre, o Partido Comunista anunciará uma troca de liderança que só ocorre duas vezes por década. O presidente Xi Jinping deve se manter no comando do partido e colocar aliados em cargos importantes, enquanto o premiê Li Keqiang deve se aposentar. No mês passado, o alto escalão do partido prometeu que garantiria a estabilidade da economia em 2022.

Mas as ameaças à economia estão se multiplicando. Dentro da estratégia de Covid Zero adotada pelo país, surtos da doença são enfrentados com restrições rigorosas à mobilidade que atrapalham as cadeias de produção, o transporte e o consumo de mercadorias. A cidade de Xi’an enfrenta seu 15º dia em lockdown.

O aumento de custos pode abalar o comércio exterior. O aperto monetário mais rápido do que o esperado nos EUA pode inverter fluxos de entrada de capital global na China.

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As autoridades estão tomando providências para apoiar o setor imobiliário e estabilizar os mercados, mas medidas de estímulo mais amplas são improváveis. Pequim dificilmente correrá o risco de inflar os preços dos ativos depois de passar grande parte do ano passado eliminando bolhas especulativas.

“Não vemos uma grande intervenção com uma ‘bazuca’ ou resgates diretos como cenários prováveis”, afirmaram estrategistas do Citigroup, incluindo Dirk Willer, em relatório.

  
  

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