Bolsa de NY tem pior início do ano no S&P 500 desde 2016

Os mercados de juros de curto prazo estão precificando cerca de 88% de chance de um aumento da taxa de juros em março

S&P tem pior início de ano desde 2016
Por Emily Graffeo e Vildana Hajric
07 de Janeiro, 2022 | 06:16 PM

Bloomberg — O índice S&P 500 teve o pior começo de ano desde 2016 em meio à preocupação de que o Federal Reserve seja forçado a aumentar as taxas de juros mais rapidamente do que alguns investidores haviam previsto.

Após um fechamento recorde para o S&P 500 (SPX) na última segunda-feira, a desvalorização em megacaps como Microsoft Corp.(MSFT), Apple Inc. (AAPL) e Alphabet Inc. (GOOGL) deixaram o benchmark prestes a encerrar a primeira semana de negociações no ano novo com queda de 1,9%. O Nasdaq (NDX) 100, referência de alta tecnologia, teve baixa de 4% na semana.

Uma postura hawkish na ata da reunião de dezembro do Fed, divulgada no meio desta semana, alimentou o “sell-off” de ativos e um relatório de contratação com indicadores mistos fez pouco para acalmar as preocupações sobre um aumento das taxas já em março. Os mercados de juros de curto prazo estão precificando cerca de 88% de chance de um aumento da taxa de juros naquele mês, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“No geral, esse relatório teve mensagens mistas”, disse Anu Gaggar, estrategista de investimento global da Commonwealth Financial Network. Mas “a combinação do declínio na taxa de desemprego para abaixo do nível de equilíbrio de longo prazo do Fed com a aceleração no crescimento dos salários deixa o Fed pronto em março para o primeiro aumento de juros deste ciclo.”

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Os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram em todos os vencimentos, com a taxa de cinco anos subindo para níveis pré-pandêmicos, ultrapassando 1,50%. A taxa de dois anos subiu para 0,9%, rumo ao maior pico semanal desde outubro de 2019. O rendimento de referência de 10 anos superou a alta de 2021, para pouco abaixo de 1,8%.

Uma postura abertamente hawkish do Fed turvou os mercados financeiros no início do novo ano, com os investidores reavaliando como precificar ativos em um ambiente de taxas de juros em alta. A remoção da política de acomodação monetária adotada durante a crise marca uma mudança não vista há pelo menos três anos, período em que também viu um aumento na volatilidade.

Embora as empresas de tecnologias de alto crescimento tenham sofrido o impacto do “sell-off” esta semana, as ações de valor se beneficiaram à medida que os fundos de hedge acumulam posições nessas ações e se desfazem de papéis caros, ajudando a alimentar a maior rotação de carteira de ações desde março.

“2022 não teve seu rali normal no início do ano”, disse Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Asset Management. “A primeira semana de janeiro é geralmente uma semana de desempenho positivo das ações: desta vez, as ações caíram e os papeis de valor levaram a melhor.”

Visões do Fed

Os comentários dos presidentes regionais do Fed forneceram alguns insights adicionais esta semana, enquanto os investidores tentavam prever um possível cronograma do aperto monetária. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse na sexta-feira que é a favor de aumentar as taxas de juros “gradualmente” e passar a reduzir o balanço do Fed mais rapidamente do que na última rodada de aperto.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, um formulador de políticas considerado mais agressivo, disse em um discurso na quinta-feira que o banco central poderia aumentar sua meta de taxa de juros já em março.

O benchmark de ações da Europa foi negociado em baixa na sexta-feira, para abrir o ano com uma semana de perdas. Os preços ao consumidor na área do euro saltaram 5% em relação ao ano anterior, em dezembro, aumentando a pressão sobre o Banco Central Europeu para se juntar a um grupo crescente de bancos centrais do Fed ao Banco da Inglaterra adotando condições monetárias mais restritivas. O euro avançou em relação a um dólar amplamente mais fraco.

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Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • O S&P 500 (SPX) caiu 0,4 no fechamento de sexta;
  • O Nasdaq (NDX) caiu 1,1%;
  • O Dow Jones Industrial Average (INDU) terminou estável;
  • O índice MSCI World terminou estável;

Moedas

  • O índice Bloomberg Dollar Spot (BBDXY) caiu 0,5%;
  • O euro (EUR) subiu 0,6% para US$ 1,1360;
  • A libra esterlina (GBP) subiu 0,5% para US$ 1,3594;
  • O iene japonês (JPY) subiu 0,2% para 115,56 por dólar;

Títulos

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos avançou cinco pontos-base para 1,77%;
  • O rendimento de 10 anos da Alemanha avançou dois pontos básicos para -0,04%;
  • O rendimento de 10 anos da Grã-Bretanha avançou dois pontos-base para 1,18%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) caiu 0,5%, para US$ 79,09 o barril
  • Os futuros do ouro subiram 0,4% para US$ 1.794,40 a onça;

--Com a assistência de Srinivasan Sivabalan, Joanna Ossinger e Denitsa Tsekova.

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