Miami — Muitas grandes startups falham antes do tempo porque ficam sem dinheiro e não conseguem levantar capital. E muitas outras sem muita tração – ou até nenhuma tração – conseguem levantar milhões de dólares e comprar seu sucesso.
Então qual é o truque?
“Acredito que há uma lacuna educacional na indústria de capital de risco na América Latina”, disse Claudio Barahona, sócio-gerente da Alaya Capital e criador da CómoLevantarCapital, uma escola on-line que ensina empreendedores a levantar fundos na América Latina. As aulas são oferecidas em espanhol.
“É algo que eu adoraria ter quando era empreendedor, porque aprendi esse jogo fracassando nele”, disse Barahona.
Barahona, que mora no Chile, criou e vendeu uma empresa de e-sports quando tinha 25 anos. Desde então, se tornou investidor e disse que, nos últimos anos, muitos empresários o procuraram no LinkedIn pedindo orientação sobre como levantar capital. Com o tempo, ele percebeu que muitas das perguntas e dúvidas eram as mesmas. Como resultado, ele decidiu lançar uma escola on-line que consolida todas essas informações.
“Outro dia coloquei na ponta do lápis e, ao longo dos anos, ajudei os fundadores a arrecadar cerca de US$ 200 milhões”, disse Barahona.
A CómoLevantarCapital é menos um empreendimento comercial para Barahona e mais uma forma de investir no ecossistema. A escola oferece pelo menos uma aula gratuita, mas o curso mais completo custa cerca de US$ 200 e oferece 10 horas de aula. As lições incluem como preparar uma proposta de venda, quais documentos ter prontos antes de entrar em contato com um investidor e até mesmo como escrever um e-mail para empresas como Sequoia e Andreessen Horowitz, os famosos VCs do Vale do Silício.
“A maioria dos fundadores da América Latina acha que é impossível entrar em contato com a Sequoia e Andreessen Horowitz, então ensinamos como entrar em contato com eles. Basta um e-mail ou um tweet. Não é impossível”, afirmou Barahona.
US$ 200 é uma taxa nominal e certamente não enriquecerá Barahona. Ele disse que cobra uma taxa apenas para cobrir suas despesas. Também perguntei se ele usa o CómoLevantarCapital como um método para o fluxo de negócios e ele disse “não”.
“É uma iniciativa pessoal e faço um esforço para separar as aulas do meu trabalho na Alaya Capital”, disse.
No momento, Barahona é o único “professor”, mas ele espera que mais capitalistas de risco doem seu tempo e ideias para a plataforma.
“O desafio é que leva muito tempo. Levei 10 meses para colocar essas primeiras aulas online e trabalhava apenas aos sábados”, disse ele.
“Para mim, é importante que não seja apenas uma plataforma de Claudio, mas uma plataforma de muitos VCs. Esse é o objetivo”.
Captação de recursos nos Estados Unidos e na América Latina
A maioria dos fundadores de startups já ouviu falar do Y Combinator, o Santo Graal dos aceleradores de startups com sede no Vale do Silício. Como a “Harvard das Startups”, a empresa criou recursos para os fundadores que eles chamam de “Startup School”, mas, para começar, todos os recursos estão em inglês. Em segundo lugar, as ideias e orientações são voltados para o mercado dos EUA e, por fim, apenas parte desses recursos aborda a captação de recursos.
“Nos EUA, é possível fazer uma Série A de US$ 20-30 milhões com um PowerPoint e uma boa equipe”, disse Barahona, explicando que os valores tendem a ser mais baixos na América Latina e que os investidores geralmente querem ver mais tração. Uma grande ideia e uma grande equipe não são suficientes.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, Localization Specialist da Bloomberg Línea.