Nasdaq perde US$ 1 tri e indica alta volatilidade em 2022

Futuro do segmento tech ainda é incerto; apostas variam entre mais deslizes e sólida recuperação

Setor de tecnologia puxou valores para baixo
Por Thyagaraju Adinarayan
06 de Janeiro, 2022 | 01:31 PM

Bloomberg — O Índice Nasdaq Composite perdeu quase US$ 1 trilhão esta semana após o ritmo de alta nos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos surpreender os investidores, alimentando as expectativas de que 2022 será um ano de volatilidade.

Fabricantes de softwares caros, biotechs e novas ações foram responsáveis pelos danos, e o ETF ARK Innovation, de Cathie Wood, carro-chefe de fundos com hipercrescimento, despencou 9%.

E o tombo pode não parar por aí. Nesta quinta, o índice Nasdaq 100 abriu em baixa, mas passou a subir no final da manhã. Perto das 11h30 (13h30 em Brasília), o índice que é referência das big techs subia 0,3%, após a pior sequência de dias desde março. Na bolsa de Nova York, o S&P 500 subia 0,3%, mas o Dow Jones tinha baixa de 0,3%. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos pairavam próximos de 1,73% – o maior em cerca de 10 meses.

Os volumes dos principais índices ficaram fracos e bem abaixo dos níveis de meados de dezembro, quando a abordagem hawkish do Federal Reserve tornou os mercados voláteis.

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Índice está bem abaixo do S&P 500

As taxas mais altas reduzem o valor presente dos lucros futuros, pesando especialmente sobre as ações de empresas altamente valorizadas e de rápido crescimento. A Zscaler (ZS), a Datadog (DDOG), a Peloton Interactive (PTON) e a Crowdstrike Holdings (CRWD) perderam entre 10% e 18% esta semana. Megacaps também não foram poupadas: o índice NYSE FANG + caiu 2,8%, liderado pela Nvidia (BVMF: NVDC34) e Microsoft (BVMF: MSFT34).

O primeiro trimestre “terá pelo menos uma reversão temporária do boom de valuations do setor de tecnologia que elevou empresas como a Apple (BVMF: AAPL34) e a Microsoft às maiores capitalizações de mercado do mundo”, disse John Ricciardi, chefe de alocação de ativos globais da Deuterium Capital Management. Desde que atingiu o valor histórico de mercado de US$ 3 trilhões em 3 de janeiro, a Apple tem entrado em declínio.

O estrategista de mercado global da eToro, Ben Laidler, disse que, embora esteja otimista em 2022, o ano terá retornos menores do que 2021, com mais volatilidade.

Os fundos de hedge, que passaram dezembro descarregando ações de alto crescimento e alta avaliação, começaram o novo ano descartando softwares e fabricantes de chips em um ritmo furioso. Nas quatro sessões até terça-feira (4), essas vendas atingiram o nível mais alto em termos de dólares em mais de 10 anos, de acordo com dados compilados pelo corretor principal do Goldman Sachs Group (BVMF: GSGI34).

No entanto, tudo pode mudar. As ações do setor de tecnologia sofreram uma queda semelhante em março, mas se recuperaram logo depois.

“A queda nas ações parece um pouco exagerada”, disseram os estrategistas da UBS Global Wealth Management, liderados por Mark Haefele, em nota. “A normalização da política do Fed não deve prejudicar a perspectiva de crescimento do lucro corporativo, que permanece em uma base sólida devido aos fortes gastos do consumidor, aumento dos salários e fácil acesso ao capital”.

--Com a colaboração de Nikos Chrysoloras.

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(atualizado às 13h30 com cotações mais recentes)

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