Bloomberg — Um ano depois de lançar o programa de vacinação mais rápido do mundo, Israel mais uma vez se torna um case de teste global conforme inicia a aplicação da quarta dose de vacina em meio ao aumento de casos de covid devido à variante ômicron.
Embora o número de casos graves e mortes permaneça bem abaixo do pico do ano passado, as infecções dispararam para níveis recordes e podem mais uma vez ameaçar sobrecarregar os hospitais se o novo número de casos diários chegar a 50 mil, como advertiu o primeiro-ministro israelense Naftali Bennett. Muitos dos recém-infectados foram vacinados pelo menos duas vezes.
A nova onda está tomando conta de Israel à medida que seus líderes adotam estratégias que confundem o público. E, conforme as filas nos locais de teste ficam mais longas, as autoridades também começaram a reconhecer que talvez precisem recorrer ao que Bennett condenou tão vigorosamente quando era um legislador da oposição: outro lockdown.
A experiência da pandemia de Israel foi estudada em todo o mundo por causa das medidas agressivas tomadas para conter o vírus desde o início, sua reabertura malsucedida após o primeiro bloqueio e sua administração antecipada de vacinas e reforços na imunização.
Idas e vindas
Israel avançou esta semana com uma quarta dose para pessoas com 60 anos ou mais, apesar das preocupações sobre a falta de dados de eficácia, em um esforço para proteger os mais vulneráveis.
Veja mais: Israel vai começar a dar a quarta dose para pessoas com 60 anos ou mais
Galia Rahav, membro da equipe de especialistas que assessora o governo, disse que Israel não deveria considerar a expansão da elegibilidade até que tenha mais dados sobre a diminuição da imunidade, e advertiu contra outros países que lançam uma quarta dose antes do tempo ideal. Israel começou a administrar a terceira dose em agosto.
“Eu não insisto em uma quarta vacina em países que foram vacinados com o reforço há dois meses, ou mesmo três meses atrás”, disse Rahav, chefe da unidade de doenças infecciosas do Centro Médico Sheba fora de Tel Aviv. “Mas há mais de três meses, sim.”
Com menos de 70% da população totalmente vacinada, Israel não está mais entre os lugares mais vacinados do mundo, ocupando a 67ª posição no ranking da Bloomberg. Isso ocorre em parte porque há uma grande população de crianças que são muito jovens ou cujos pais não querem imunizá-las, e porque a adesão é menor entre árabes e judeus ultraortodoxos.
Na terça-feira, novas infecções quebraram um recorde do início de setembro, estabelecido apenas algumas semanas após o início da campanha de reforço mundial de Israel. Esse recorde foi quebrado novamente na quarta-feira, com mais de 16 mil casos positivos registrados.
Quase 59% dos recém-infectados foram vacinados com uma segunda dose nos últimos seis meses ou se recuperaram do vírus e receberam uma dose. Outros 8% foram vacinados pela última vez há mais de seis meses. Dos 134 gravemente doentes, 86 não foram vacinados.
Efeito Vacina
A testagem se difundiu tanto que, a partir de sexta-feira, o governo começará a limitar o acesso aos testes de PCR mais precisos para pessoas com mais de 60 anos e populações em risco. Os testes de antígenos, inclusive para uso doméstico, preencherão a lacuna.
Os planos para avançar com uma quarta vacina foram criticados no mês passado por causa da falta de dados sólidos sobre a ômicron ou a eficácia de outra injeção. Mesmo assim, depois que foi iniciado um ensaio clínico de uma quarta inoculação e o número de infecções começou a disparar, o governo seguiu em frente com seu plano.
Dados preliminares sugeriram que a quarta dose ofereceu um nível muito mais alto de proteção contra infecção e morbidade grave, e um aumento de cinco vezes no número de anticorpos cerca de uma semana depois, disse Bennett.
Com o número de casos aumentando, Israel pode se ver no quarto lockdown, advertiu o especialista Salman Zarka esta semana, defendendo a mudança nas regulamentações do governo em resposta às novas condições e informações sobre a ômicron. Ele definiu o patamar de 1.500 gravemente doentes como um ponto relevante para tomar essa decisão.
Se os hospitais estiverem lotados de pessoas em unidades de terapia intensiva, “então não teremos escolha e teremos que entrar em lockdown”, disse ele. “Mas não precisamos chegar a esse ponto. Todos nós podemos juntos fazer um esforço para colocar máscaras, ser vacinados e ficar longe das multidões “.
--Com assistência de Alisa Odenheimer.
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