Bloomberg — A pandemia na França se tornou um problema político, já que o país teve a maior contagem de casos de coronavírus em um único dia na Europa.
As autoridades estão lutando para conter a propagação da variante ômicron conforme novas infecções atingem um recorde de 332.252 e o número alarmante chega um dia depois que o presidente francês Emmanuel Macron fez uma aposta, quatro meses antes das eleições e disse que a estratégia de vacinação de seu governo era “infernizar” as pessoas que não haviam tomado a vacina contra o coronavírus.
Seus oponentes políticos aproveitaram seus comentários explosivos para destacar a percepção de arrogância de Macron aos olhos dos eleitores.
O parlamento da França aprovou nesta quinta-feira (6) uma nova legislação que significaria que apenas aqueles com status de vacinação completo poderiam ir a restaurantes, visitar museus e assistir a shows, e até mesmo entrar em trens e aviões. O projeto de lei precisa ser aprovado no Senado antes de se tornar lei. O primeiro-ministro, Jean Castex, disse que espera que a legislação entre em vigor em 15 de janeiro.
Embora possa complicar a vida fora de casa para os chamados “anti-vacina”, uma rápida implementação da legislação proposta é apoiada por 54% dos franceses, segundo uma pesquisa com 1.022 pessoas, feita pelo Ifop-Le Journal du Dimanche.
A pesquisa provavelmente encorajará a estratégia de Macron de explorar a frustração dos eleitores tradicionais, que estão tomando precauções, além de estarem ansiosos por um retorno à normalidade após dois anos de restrições.
Ainda assim, os rivais de Macron de todos os lados estão apostando no ressentimento contra as restrições da Covid-19. Sua maior adversária, Valerie Pecresse, do Partido Republicano, disse que “não cabe ao presidente da República escolher franceses bons e ruins”. Essa linha de ataque pode se tornar um leitmotiv nos próximos meses, no que está se tornando uma campanha cada vez mais acalorada.
Embora ele não tenha declarado formalmente, Macron entrou efetivamente em modo de reeleição total antes da votação presidencial de abril e sua abordagem em relação ao vírus corre o risco de se tornar um fator determinante, se a pandemia continuar perturbando a economia e a liberdade de ir e vir das pessoas.
Na quarta-feira (5), uma pesquisa da Internet com 855 pessoas, conduzida pela Elabe, registrou que 53% dos franceses ficaram chocados com as declarações do presidente feitas ao jornal Le Parisien.
O atual pico “supersônico” de infecções deve durar dias, senão semanas, disse o porta-voz do governo francês Gabriel Attal.
-- Esta matéria foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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