O alto escalão do banco central americano começou a discutir como reduzir a montanha de mais de US$ 8 trilhões em títulos. Este seria um elemento fundamental da campanha de normalização da política monetária após medidas sem precedentes para apoiar a economia dos EUA durante a pandemia.
Mesmo havendo consenso de que as condições atuais são notavelmente diferentes daquelas observadas na última vez que o Federal Reserve iniciou uma redução do balanço patrimonial, os pontos de vista apresentados durante a última reunião da instituição foram bastante diversos. As conclusões estão na ata da reunião de 14 e 15 de dezembro, divulgada na quarta-feira.
A discussão no mês passado começou com uma apresentação sobre a última campanha de normalização, iniciada com a elevação da taxa básica de juros e complementada dois anos depois com a diminuição da carteira de títulos do banco central.
Aquele episódio terminou em polêmica. O Fed foi acusado de sugar liquidez do sistema financeiro, abalando a confiança e os mercados. A conversa de dezembro teve referências aos problemas ocorridos em 2017-19, sem entrar em detalhes.
“A experiência anterior destacou os benefícios de manter a flexibilidade para ajustar os detalhes da abordagem à normalização em resposta a desdobramentos econômicos e financeiros”, segundo a ata.
Os participantes da reunião “geralmente enfatizaram” que subir o juro básico seria o “principal meio” de aperto da política monetária. Três razões foram citadas:
* Há menos incerteza sobre o impacto dos aumentos de juros do que da redução da carteira de títulos
* Aumentos de juros são mais fáceis de comunicar ao público
* É mais fácil ajustar o plano de aumento de juros do que o processo de redução da carteira de títulos
Mesmo assim, “alguns” dos presentes argumentaram que dar maior peso à contração do balanço patrimonial do que ao aumento de juros poderia limitar o achatamento na curva de juros (que ocorre quando os rendimentos dos instrumentos de curto prazo sobem mais do que os rendimentos dos papéis de longo prazo). Uma inversão da curva (que ocorre quando os rendimentos de longo prazo ficam abaixo dos de curto prazo) é sinal de recessão.
Em teoria, ao encolher a carteira de títulos, o Fed daria sustentação aos rendimentos de longo prazo. Enquanto isso, contar menos com aumentos de juros limitaria o avanço dos rendimentos de curto prazo.
“Alguns desses participantes compartilharam preocupações de que uma curva de juros relativamente achatada pode afetar adversamente as margens” de intermediação financeira dos credores, afirmou a ata, se referindo aos representantes que defenderam um papel maior das medidas associadas ao balanço patrimonial. Tal curva de juros “pode elevar os riscos à estabilidade financeira”, segundo esses integrantes do Fed.
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