Ações de tecnologia caem com debandada dos fundos de hedge

Ao longo de dezembro, os fundos de hedge se livraram de ações com perfil de alto crescimento e avaliação elevada

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Bloomberg — A desvalorização das ações de tecnologia nos Estados Unidos, que começou a se espalhar para o mercado como um todo na quarta-feira (5), é embalada por um dos movimentos mais intensos de venda por especuladores profissionais desde a crise financeira.

Ao longo de dezembro, os fundos de hedge se livraram de ações com perfil de alto crescimento e avaliação elevada. Neste começo de ano, eles fogem de papéis de fabricantes de software e semicondutores. Nos quatro pregões até terça-feira, essas vendas atingiram mais alto nível em dólares em mais de 10 anos, segundo dados compilados pela corretora do Goldman Sachs Group.

A carnificina no setor tecnológico se acelerou após a divulgação da ata da última reunião do banco central americano (Federal Reserve), que sinalizou aumentos no juro básico mais cedo e mais rapidamente do que o previsto. Segundo Mike Loewengart, diretor de estratégia de investimentos da E*Trade Financial, a ata revelou “um Fed mais agressivo do que alguns esperavam”.

O Nasdaq 100 caiu mais de 3% e sofreu sua pior queda em dois dias desde março. O tombo foi maior para ações com avaliações elevadas. Uma cesta elaborada pelo Goldman com as ações mais caras do setor de software afundou 6,3% para o menor patamar desde maio.

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O MSCI Asia Pacific Communication Services Index chegou a recuar 1,5% nesta quinta-feira. A sul-coreana Kakao Games sofreu a maior perda, de 14%. Em Hong Kong, o Hang Seng Tech Index, que acompanha principalmente gigantes chinesas, fechou em alta de 1,4% após desabar 4,6% na quarta-feira.

“O Fed vai subir juros este ano, talvez de forma mais agressiva do que muitos pensavam”, disse Mark Freeman, diretor de investimentos da Socorro Asset Management. “No caso de muitas ações de tecnologia, há pouco suporte por parte da comunidade que só aposta na alta dos papéis, então não é preciso muita pressão de venda para derrubar essas ações, o que por sua vez exige que os fundos de hedge realizem mais vendas.”

A expectativa de aumento do custo dos empréstimos forçou investidores profissionais a repensar sua duradoura afeição por empresas de tecnologia. A pressa para se livrar de ações criou problemas para os fundos de hedge, que ainda têm apostas altamente concentradas na especulação com empresas de software, mesmo após desmontarem algumas dessas posições no final do ano passado.

Até antes da divulgação da ata do Fed, as ações de tecnologia recuavam por causa de um movimento de rotação de carteiras, no qual grandes investidores venderam ações que já tiveram grande valorização para comprar papéis de companhias que tendem a se beneficiar da melhora da economia. Nos quatro pregões anteriores à quarta-feira (5), os fundos de hedge clientes do Goldman compraram em peso ações dos setores aéreo, energético e industrial. Com isso, a exposição desses fundos a tecnologia em comparação com o S&P 500 caiu para o menor nível já visto pelo banco.

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