Futuros nos EUA pisam no freio, enquanto bolsas na Europa operam com altas

Investidores aguardam a divulgação de novos dados sobre emprego nos EUA para averiguar como cenário poderia afetar decisão do Fed sobre juros

As variáveis que orientarão os mercados
05 de Janeiro, 2022 | 08:24 AM

Barcelona, Espanha — As bolsas internacionais parecem titubear sobre que caminho seguir no pregão de hoje, ainda que sinalizem querer se situar no lado positivo. Na Europa, as bolsas europeias abriram majoritariamente em vermelho, mas agora a alta é generalizada. Entre os futuros de índices predominam ligeiras quedas, mas os contratos lastreados no Dow, por exemplo, já mudaram de rumo.

O pano de fundo nos mercados ainda é positivo, apesar de todas as incertezas que a variante ômicron traz para as economias e as políticas monetárias dos bancos centrais. Nos demais mercados, os títulos do Tesouro norte-americano mostravam estabilidade, a 1,64%. As variações no mercado de petróleo são pequenas. A OPEP e seus aliados concordaram em retomar a produção interrompida, já que as perspectivas para os mercados globais de petróleo melhoraram, com grande parte da demanda se mantendo, apesar da nova variante do coronavírus.

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Os dados sobre as folhas de pagamento das empresas norte-americanas em dezembro, que serão divulgados hoje pelo instituto de pesquisa ADP, orientarão os mercados nesta quarta-feira. É bastante provável, na avaliação dos analistas, que supere os 400 mil esperados. Tanto os dados do “payroll” nos EUA e como as atas da reunião do Federal Reserve (Fed) no mês passado, que também saem hoje, podem lançar mais luz esta semana sobre o potencial ritmo de aumento das taxas de juros.

Hoje também é dia de vários índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), que podem dar uma mostra de como as economias estão lidando com a ameaça da ômicron e com os gargalos nas cadeias de abastecimento.

Ameaça ômicron

O mercado tem recebido notícias contraditórias sobre o impacto da variante ômicron. Os contágios em ritmo acelerado - os diagnósticos com o Covid-19 nos EUA superaram um milhão de pessoas na segunda-feira e mais de 3.200 escolas fecham no país – nublam o cenário. Hong Kong também começa a impor restrições sociais, além de suspender voos procedentes de oito países, para frear os contágios. Em sentido contrário, alegando que os sintomas da variante não são tão graves como se imaginava, países como a Alemanha e o Reino Unido começam a levantar restrições.

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Uma instantânea dos mercados em dia de vaivém

🟢 Wall Street ontem

Dow (+0,59%), S&P 500 (-0,06%), Nasdaq (-1,33%). As entregas de fornecedores e os preços pagos pelos materiais caíram em dezembro ao nível mais baixo em mais de um ano, segundo dados do IHS Markit. O Índice ISM, de novos pedidos do setor manufatureiro, caiu 14,2 pontos, a maior quantidade em uma década, para 68,2. 

  • O lado positivo desta leitura é que pode acarretar menos pressões inflacionárias.
  • Por outro lado, levanta preocupações sobre a inflação salarial o recorde de 4,5 milhões de americanos deixaram seus empregos em novembro, enquanto as vagas abertas permaneceram elevadas, destacando a rotatividade persistente no mercado de trabalho e a dificuldade de os empregadores para contratar pessoal. O aumento nas saídas foi amplo em todos os setores e empurrou a taxa de demissões para 3%, a maior desde 2000. Enquanto isso, o número de vagas disponíveis caiu para 10,6 milhões, de 11,1 milhões revisados para cima em outubro, conforme o relatório JOLTS mostrou ontem.

Na agenda

  • Atas da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed)
  • Dados sobre a folha de pagamento (dezembro) das empresas Dos EUA, do instituto de pesquisa ADP
  • PMIs de serviços e composto de dezembro de países como Índia, Itália, França, Alemanha, Brasil e EUA
  • Atividade das refinarias de petróleo divulgada pela EIA

Quinta, 6

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  • James Bullard, membro do Fed, fala em uma palestra sobre política monetária
  • PMIs de serviços e composto de dezembro do Japão e Reino Unido de dezembro
  • Inflação ao consumidor (dezembro) e ao produtor (novembro) na zona euro
  • EUA: balança comercial (novembro), pedidos às fábricas, pedidos finais de bens duráveis (novembro), pedidos iniciais de seguro-desemprego

Sexta, 7

  • Outro membro do Fed, Mary Daly, discursa em um evento
  • Produção industrial na Alemanha e na França, IPC flash de dezembro na zona euro, vendas ao varejo na zona do euro (novembro)
  • Taxa de desemprego nos EUA, salário médio por hora, crédito ao consumo (novembro) norte-americano

Sábado, 8

  • Isabel Schnabel, do conselho executivo do BCE, participa de um evento

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.