Seca castiga lavouras de soja e milho do Paraná

Estado perdeu 2,5 milhões de toneladas de soja e mais de 500 mil toneladas de milho em 30 dias por conta dos efeitos da estiagem

Estiagem faz com que estimativas de produção de soja sejam revisadas e 2,5 milhões de toneladas somem em 30 dias
04 de Janeiro, 2022 | 02:37 PM

Bloomberg Línea — A seca que atinge a região Sul do Brasil, em especial o Paraná, já está provocando efeitos negativos sobre as lavouras de soja e milho do Estado. A safra de soja e milho que foram plantadas em agosto do ano passado e serão colhidas nos próximos meses já não serão mais do mesmo tamanho que o esperado inicialmente. (veja os gráficos abaixo)

Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, referente às condições das lavouras avaliadas em dezembro, indicam que a safra de soja do ciclo 2021/22 será de 18,45 milhões de toneladas. O volume representa uma queda de 12,1% em comparação à estimativa divulgada em novembro, quando os efeitos da seca ainda não eram tão claros.

Com o ajuste na previsão de colheita, o Paraná deverá ter agora uma queda de 6,7% na oferta da safra atual em comparação às 19,77 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2020/21. Até novembro, o governo paranaense ainda acreditava em uma colheita 6,16% maior do que a registrada no ano passado.

Na prática, a estiagem fez com que 2,5 milhões de toneladas de soja desaparecessem das lavouras do Paraná em apenas 30 dias. Na semana passada, quando o Deral fez o primeiro levantamento das condições das lavouras de soja do Estado, 57% da área plantada encontrava-se em boas condições. Hoje, esse percentual é de apenas 30%. Para efeitos comparativos, no mesmo período do ano passado, 87% das lavouras de soja paranaense estavam em boas condições (veja os gráficos abaixo).

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No caso do milho a situação não é muito diferente. A estimativa de produção referente a dezembro foi de 3,68 milhões de toneladas. O volume representa um corte de 12,2% em comparação às 4,19 milhões de toneladas previstas em novembro. Contudo, o novo número ainda significa uma oferta maior na primeira safra de milho da ordem de 18% em comparação à colheita do ano passado, porém, bem abaixo do crescimento de 34% esperado em novembro.

A estiagem também foi a responsável pelo desaparecimento de mais de 500 mil toneladas de milho em apenas um mês. Em apenas uma semana, o percentual de lavouras em boas condições caiu praticamente pela metade, saindo de 63% para os atuais 35%. No mesmo período do ano passado, 90% da área plantada com milho no Paraná estava em boas condições.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.