Mercado aposta que ômicron aumentará inflação e adiantará alta de juro nos EUA

Os swaps sugerem que o Federal Reserve começará a subir o juro básico já em maio e não julho

Investidores veem aumento de juros mais cedo nos EUA
Por Masaki Kondo e James Hirai
04 de Janeiro, 2022 | 09:56 AM

Bloomberg — Os operadores do mercado de títulos do Tesouro americano estão apostando que a rápida propagação da variante ômicron intensificará as pressões inflacionárias na economia dos EUA.

A taxa de equilíbrio de 10 anos — que reflete as estimativas para a inflação média na próxima década — avançou para 2,66% na terça-feira, a maior desde novembro, vindo de 2,36% em 14 de dezembro. O rendimento adicional dos títulos do Tesouro com prazo de 10 anos sobre as notas de dois anos também aumentou esta semana, indicando que o viés pode estar voltando para uma curva de juros mais inclinada.

Os swaps de índice overnight agora sugerem que o banco central (Federal Reserve) começará a subir o juro básico já em maio e não julho, como se previa há um mês. No Reino Unido, a decisão do Banco da Inglaterra no mês passado de iniciar um ciclo de elevação de juros já suavizou as taxas de equilíbrio.

Os EUA registraram um novo recorde diário de mais de 1 milhão de casos de Covid-19 na segunda-feira, abalando a confiança de que as cadeias de suprimentos se normalizariam em um futuro próximo. A inflação no país sobe há três meses consecutivos e atingiu 6,8% nos 12 meses até novembro, a maior em quatro décadas.

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“A inflação continua sendo o grande tema do mercado, diante da vida com o coronavírus”, disse Makoto Noji, estrategista-chefe de câmbio e títulos estrangeiros na SMBC Nikko Securities em Tóquio. Especula-se que “a maior disseminação do vírus levará à queda na participação no mercado de trabalho e a restrições de oferta”, escreveu ele em um estudo.

Nesta terça-feira, o mercado de títulos do Reino Unido acompanhou o tombo nos títulos do Tesouro americano na véspera. O rendimento do papel de 10 anos chegou a subir 0,10 ponto percentual para 1,07%, o maior nível desde 3 de novembro. A taxa de equilíbrio de referência do Reino Unido subiu 0,04 ponto para 3,98%, revertendo um recuo que veio após atingir um pico de 25 anos.

Os mercados de curto prazo agora apostam que o Banco da Inglaterra anunciará outra alta de juros em março e levará a taxa de referência a 1,25% em fevereiro de 2023.

As expectativas de inflação nos EUA e no Reino Unido podem subir ainda mais, segundo Michael Bell, estrategista de mercado global na JPMorgan Asset Management.

“Se a ômicron no fim das contas não for um problema tão grande, então os mercados de trabalho parecem muito apertados, especialmente aqui no Reino Unido, mas também nos EUA”, afirmou ele. “Isso pode levar a pressões salariais mais sustentadas do que alguns esperam.”

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