Carnaval: Rio suspende blocos de rua, mas mantém desfile no sambódromo

Com aumento dos casos de Covid, ainda que sem internações e mortes, cidade cancelou desfiles de blocos de rua

Prefeito Eduardo Paes diz que ainda busca alternativas na tentativa de não elitizar a festa popular tradicional da cidade
04 de Janeiro, 2022 | 07:41 PM

Bloomberg Línea — O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou no início da noite desta terça-feira (4) o cancelamento dos desfiles de blocos de rua na cidade pelo segundo ano consecutivo. O aumento do número de novos casos de Covid na cidade levou à inviabilidade das festas gratuitas nas ruas, dada a impossibilidade de controle de saúde, ainda que o crescimento de infecções não esteja sendo acompanhado por mais casos graves e óbitos, segundo Paes.

Ainda assim, os desfiles de escolas de samba na Sapucaí, assim como as festas privadas, serão mantidas, com controle de entrada. Os protocolos de saúde da Sapucaí ainda serão determinados.

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“O Carnaval de rua nos moldes que eram feitos até 2020, e que já não aconteceu em 2021, também não acontecerá em 2022″, disse o prefeito em transmissão online, acrescentando que tem investido em polos gratuitos de testagem pela cidade.

Entre as capitais brasileiras, São Paulo, Maceió e Campo Grande também confirmaram desfiles oficiais de Carnaval. Em um dos maiores destinos turísticos desta época do ano, o governador da Bahia, Rui Costa, decretou que o estado não terá programação oficial.

A decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro veio após uma reunião hoje (4) com as ligas de blocos da cidade, que representam os 450 deles. Paes explicou que há uma estrutura muito grande para cada bloco, “que as pessoas não fazem ideia e tem que ser feita com muita antecedência”.

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Festas de rua no Carnaval do Rio são canceladas pelo segundo ano consecutivo

Paes relatou ainda que houve uma pressão do patrocinador do Carnaval de rua, a Ambev - que pagou R$ 39 milhões pelo apoio - sobre a viabilidade das festas.

O próprio prefeito, ao lado do secretário de saúde do município, Daniel Soranz, fez uma crítica de que a medida pudesse elitizar a festa popular. Ele propôs à Ambev e às ligas dos blocos, que fizessem festas fechadas e gratuitas para que houvesse um controle epidemiológico na entrada e ainda assim houvesse desfile nas ruas, mas “a ideia não foi bem aceita” pelos representantes dos blocos. Paes disse que ainda está aguardando uma contraproposta.

“Precisa ser algo factível, que controle acesso e cobre passaporte vacinal e testagem, com distribuição de ingressos gratuitos previamente”, detalhou o prefeito.

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Soranz ressaltou que, ainda que haja um aumento de novos casos de Covid na cidade do Rio, decorrente da variante ômicron. “Felizmente, esses casos novos não estão gerando casos graves, nem óbitos nem internação. Ainda é precoce, ainda estamos analisando”, disse o secretário, reforçando que a vacina é eficaz contra a nova variante.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.