Setor aéreo dos EUA cita riscos e pede adiamento do 5G

Segundo a associação Airlines for America, no pior cenário até 350 mil voos comerciais podem ser impactados por ano a um custo de US$ 2,1 bilhões

Companhias aéreas e fabricantes de aeronaves afirmam que isso cria chance de interferência e pode colocar em risco a segurança de alguns pousos
Por Todd Shields e Alan Levin
03 de Janeiro, 2022 | 12:43 PM

Bloomberg — Companhias aéreas alertam para a possibilidade de atrasos nos voos depois que AT&T e Verizon Communications rejeitaram um pedido do governo dos Estados Unidos para adiar o novo serviço para redes móveis com padrão 5G que, segundo o setor aéreo, coloca a segurança em risco porque pode interferir com os aparelhos eletrônicos das aeronaves.

As duas gigantes de telecomunicação afirmaram no domingo (2) que a solicitação do secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e do gestor da Agência Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), Steve Dickson, seria “em detrimento” de milhões de usuários do serviço de telefonia móvel. As empresas afirmaram que podem oferecer uma pausa de seis meses perto de alguns aeroportos.

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A FAA e o Departamento de Transportes estavam considerando a resposta no domingo, mas companhias aéreas e autoridades reguladoras já previam impactos substanciais nos cronogramas de voos se não houver ajustes no conjunto de serviços 5G, com estreia programada para 5 de janeiro. Segundo a associação Airlines for America, no pior cenário até 350.000 voos comerciais podem ser impactados por ano a um custo de US$ 2,1 bilhões.

“Sem as mitigações adequadas, a implantação do 5G em torno de aeroportos pode atrapalhar até 345.000 voos de passageiros — impactando 32 milhões de viajantes — além de 5.400 voos de carga por ano com atrasos, desvios ou cancelamentos”, afirmou a Airlines for America em comunicado divulgado no domingo.

Os novos sinais 5G usariam ondas de rádio disponibilizadas recentemente a operadoras de telecomunicação. As frequências estão próximas àquelas usadas por radares altímetros com sensores de altitude.

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Companhias aéreas e fabricantes de aeronaves afirmam que isso cria chance de interferência e pode colocar em risco a segurança de alguns pousos.

A indústria de telecomunicação argumenta que os níveis de energia são baixos o suficiente para impedir interferências e que a distância entre as frequências basta para garantir a segurança. No domingo, as operadoras caracterizaram o lançamento do 5G como prioridade, citando a corrida com a China para oferecer banda larga móvel de alta velocidade e a demanda crescente por serviços móveis em meio à pandemia de Covid-19.

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Há muito em jogo para ambos os setores. A indústria de telecomunicação desembolsou mais de US$ 80 bilhões em um leilão para ter acesso a essas frequências. AT&T e Verizon dependem dessas frequências para concorrer com a T-Mobile US e atualizar suas redes com tecnologia de última geração.

‘Abdicação irresponsável’

Em uma carta na sexta-feira, Buttigieg e Dickson solicitaram às operadoras de telecomunicação um adiamento de até duas semanas. Eles temem uma possível “interrupção generalizada e inaceitável” no tráfego aéreo, à medida que os aviões evitam aeroportos inundados de sinais 5G que podem afetar os aparelhos eletrônicos usados durante os pousos.

As operadoras responderam no domingo com uma carta assinada pelos CEOs de cada companhia — Hans Vestberg da Verizon e John Stankey da AT&T.

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“Sua proposta pede que concordemos em transferir a supervisão do investimento multibilionário das nossas empresas em 50 áreas metropolitanas não identificadas, que representam a maior parte da população dos EUA, à FAA por um número indeterminado de meses ou anos”, escreveram Vestberg e Stankey. “Pior ainda, a proposta é direcionada a apenas duas empresas”.

Segundo os executivos, concordar com a proposta seria “uma abdicação irresponsável do controle operacional necessário para implantar redes de comunicação de primeira classe e competitivas globalmente”.

AT&T e Verizon já haviam concordado em reduzir a potência dos sinais 5G e com um adiamento de 30 dias, dado que o serviço estava programado para estrear em dezembro.

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