Bloomberg Línea — Na contramão do exterior, a bolsa brasileira encerrou a primeira sessão do ano com perdas puxadas pela forte queda das ações do Magazine Luiza e de frigoríficos como JBS e Minerva, pressionadas pela expectativa de anúncio nos EUA de planos para combater o poder de mercado das gigantes de proteína animal.
O mau humor do mercado local difere do relativo otimismo no exterior, que sustentou ganhos na Europa e em Wall Street apesar das preocupações com o avanço da variante ômicron e os efeitos sobre a economia. O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos tiveram forte alta e atingiram 1,64% com a expectativa de três aumentos nos juros de referência pelo Federal Reserve ao longo do ano.
No cenário doméstico, os economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central elevaram as estimativas para a inflação. O relatório manteve a projeção para o IPCA inalterada em 5,03% em 2022, mas aumentou as previsões para 2023 de 3,38% para 3,41%. O movimento pressionou as taxas dos DIs e o câmbio do real.
As notícias quanto ao estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro também foram monitoradas de perto pelos investidores. O chefe do Executivo interrompeu suas férias em Santa Catarina para ser internado em um hospital em São Paulo na madrugada desta segunda-feira (3). Conforme relatos do próprio presidente pelo Twitter, ele começou a passar mal depois do almoço de domingo (2) e, ao chegar ao hospital, foi colocada uma sonda nasogástrica. “Mais exames serão feitos para possível cirurgia de obstrução interna na região abdominal”, disse Bolsonaro pela rede social.
- Magazine Luiza (MGLU3) e JBS (JBSS3) foram os maiores destaques negativos do índice com baixa de 6,9% e 4,2% respectivamente;
- O dólar avançava 1,8%, em dia de alta global da divisa americana, para R$ 5,68 às 18h30;
- A taxa do DI para janeiro de 2023 subiu de 11,795% para 11,85%, e o vencimento de janeiro de 2027 ia de 10,610% para 10,85%;
- Nos EUA, o Dow Jones terminou com alta de 0,7%, enquanto o S&P 500 subiu 0,64% e o Nasdaq 100, 1,11%;
Contexto
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve anunciar os planos do governo para combater o poder de mercado dos conglomerados que dominam o processamento de carnes e aves, intensificando uma campanha que já dura meses e destaca práticas anticompetitivas no setor como parcialmente culpadas pela inflação de alimentos, conforme a Bloomberg News.
Com isso, o efeito sobre as ações das empresas foi praticamente imediato. A JBS tem nas operações de carne bovina dos Estados Unidos seu maior negócio em todo o mundo. Na Marfrig, a situação não é diferente. Depois da compra da National Beef, a empresa viu o peso das operações americanas crescer de forma significativa no resultado geral da companhia.
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