Cenário para ativos da Rússia é incerto após ganhos em 2021

Rublo russo resistiu às quedas entre as moedas de mercados emergentes, que perderam terreno em relação ao fortalecimento do dólar

Banco central da Rússia tem sido um dos mais agressivos entre mercados emergentes neste ano
Por Alexander Sazonov e Anya Andrianova
30 de Dezembro, 2021 | 12:46 PM

Bloomberg — O desempenho da Rússia nos últimos 12 meses tornou o país um dos preferidos de investidores de mercados emergentes.

Mas, com a chegada de 2022, as dezenas de milhares de soldados russos concentrados perto da fronteira com a Ucrânia geram cautela entre os que apostam em ativos da Rússia.

Apesar de todos os ganhos nos últimos 12 meses, uma invasão militar da Ucrânia transformaria a narrativa imediatamente, dizem analistas. Sanções sem precedentes dos Estados Unidos e da Europa deixariam a Rússia inacessível para muitos investidores. Com isso, os benefícios da valorização dos preços das commodities, reservas internacionais recordes e aperto monetário do banco central se tornariam praticamente irrelevantes.

“Se invadir a Ucrânia, a Rússia desaparecerá como classe de ativos”, disse Elena Loven, gestora de fundos do Swedbank Robur Fonder, em Estocolmo, que administra mais de 1 bilhão de euros (US$ 1,13 bilhão) em ativos, com a maior parte investida na Rússia. “Sanções serão impostas e será impossível saber o que se pode e o que não se pode fazer. Em algum momento, seria impossível investir na Rússia.”

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Avançando: Principal índice acionário da Rússia subiu 14% em rublo este ano

Enquanto a maioria das moedas de mercados emergentes perdeu terreno em relação ao fortalecimento do dólar em 2021, o rublo resistiu e é negociado com pouca variação na comparação anual. É uma história semelhante para os títulos em moeda local e em dólar, que registram perdas, mas ainda assim superam o desempenho médio entre pares da Rússia. Já o índice acionário de referência MOEX subiu 14% em rublos.

Embora o Kremlin insista que não tem intenção de invadir a Ucrânia, a tensão com EUA e Europa não era tão alta desde o impasse na Crimeia em 2014. Analistas dizem que as sanções impostas na época não teriam comparação com as atualmente avaliadas pelos governos de Washington e Bruxelas, que incluem limites mais rigorosos para bancos russos e exclusão das principais redes de transações internacionais, como a SWIFT.

Apesar da escalada da tensão, a maioria dos investidores não acredita que o conflito irá se concretizar, e quaisquer sinais de alívio significativo e duradouro seriam motivo para um rali. O presidente dos EUA, Joe Biden, planeja conversar por telefone com o líder russo, Vladimir Putin, nesta quinta-feira.

O banco central da Rússia tem sido um dos mais agressivos entre mercados emergentes neste ano. Autoridades monetárias lideradas por Elvira Nabiullina elevaram a taxa básica do país em 425 pontos-base, para 8,5%, e sinalizaram que novos aumentos podem ocorrer para frear os preços ao consumidor. A inflação gira em torno de 8%, o dobro da meta do banco central, que deve começar a desacelerar o aperto monetário em 2022.

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