Bloomberg Línea — Há tempos o brasileiro não comia tão pouca carne bovina como em 2021. Para ser mais exato, desde 1993. Há 28 anos, o consumo per capita foi de 29,98 quilos. De lá para cá, a demanda pela carne vermelha só vinha crescendo, porém, desde 2019, a tendência da curva se inverteu e, ano após ano, a carne bovina tem estado cada vez menos presente no prato do brasileiro. Em 2021, a expectativa é que o consumo per capita fique em 32,69 quilos e represente uma queda superior a 9% em comparação ao consumo do ano passado.
Diferentes fatores podem explicar essa trajetória de queda, como a preferência da população por outras proteínas, inclusive as vegetais, ou mesmo o aumento da preocupação do brasileiro com questões ambientais. Porém, a razão econômica é a que melhor explica essa tendência. Em comparação à carne suína e de frango, a bovina é a que possui maior valor. O aumento do desemprego, a queda no poder de compra, a renda cada vez menor e a inflação têm levado o brasileiro a buscar outras alternativas. Todas elas, mais em conta.
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Essa realidade se mostra verdadeira quando se olha para o consumo de carne suína e de frango. No primeiro caso, as projeções apontam para um crescimento de 1,72% no consumo per capita deste ano em comparação a 2020, chegando ao patamar de 14,17 quilos. A carne suína, aliás, segue uma trajetória ascendente há anos, sendo que seu consumo praticamente dobrou entre os brasileiros nas últimas três décadas.
A demanda pelo frango tem uma tendência muito semelhante e ainda mais acentuada. De 1990 até agora, o consumo per capita praticamente triplicou de tamanho. Neste ano, o consumo médio no Brasil será de 48,12 quilos por pessoa, 1,8% a mais do que no ano passado. Mesmo com o aumento dos preços da carne de frango em 2021, o produto ainda está muito mais em conta do que a carne bovina.
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Apesar de a população ter aumentado o consumo de carne suína e de frango neste ano, o fato é que, na somatória das três proteínas, comemos em média menos carnes de origem animal em 2021. O ano chega praticamente ao fim com cada brasileiro tendo comido, em média, 94,98 quilos de carne bovina, suína e de frango. São mais de dois quilos de proteína animal a menos do que no ano passado, o que afasta cada vez mais o consumidor brasileiro do triênio dourado de 2010, 2011 e 2012. Nesse período, o brasileiro comeu mais de 100 quilos de proteína animal por ano, para ficar apenas nas mais tradicionais.
Há quem diga que a carne vermelha esteja se tornando um artigo de luxo no mundo e que, num futuro não muito distante, será consumida apenas em ocasiões especiais. No Brasil, onde encontra-se o maior rebanho bovino do planeta, o consumo per capita ainda está em patamares bastante elevados quando comparado a outros países. Porém, a participação dela no consumo total das três principais proteínas tem recuado de forma constante.
Há 30 anos, quando o consumo per capita dos três principais tipos de carne ingeridos no Brasil foi de 53,03 quilos por ano, 56% foi de carne bovina, 14% de suína e 30% de frango. Três décadas depois, dos 94,98 quilos que cada brasileiro comeu em 2021 as proporções se inverteram e a carne de frango passou a representar 51% do total, ficando a bovina com 34% e a suína com 15%.
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