Bloomberg Línea — Para Martin Perri e Juan Ignacio Villarejo Arzivian, criar e construir uma empresa não é nenhuma novidade. Os dois argentinos já tinham um aplicativo de treinos chamado SinRutina, que permitia às pessoas treinar em diferentes academias por uma assinatura mensal. A empresa foi adquirida em 2018 pelo unicórnio brasileiro Gympass por um valor não revelado, e Perri e Arzivian juntaram-se à equipe Gympass e viajaram bastante para o Brasil.
“Após a aquisição, tivemos de viajar muito para São Paulo e éramos os únicos nas reuniões que não falavam português. As pessoas mudavam para o inglês por nossa causa”, disse Perri. A dupla tentou aprender português, mas achou difícil manter o ritmo em aplicativos que não proporcionavam nenhuma interação humana e que não obrigavam você a agendar um horário para aprender.
“Víamos o mesmo acontecer nas academias. As pessoas frequentam mais as aulas que os aparelhos”, afirmou Arzivian.
Em resposta, a equipe cofundadora lançou uma nova empresa chamada Nulinga, que oferece ensino de inglês, português e espanhol em um modelo de aula ou tutoria privada virtual.
“Um professor fica com você durante todo o curso. Você faz uma aula todas as semanas no mesmo horário com o mesmo professor”, disse Perri, CEO da Nulinga.
Depois de conhecer e admirar o modelo de negócio do Gympass, que funciona como uma empresa B2B, vendendo os seus serviços aos departamentos de RH e oferecendo treinos como benefício, a Nulinga decidiu adotar o mesmo modelo. A empresa oferece os serviços às empresas mediante o pagamento de uma taxa; estas, por sua vez, oferecem os serviços aos seus funcionários mediante coparticipação, cabendo à Nulinga o pagamento dos professores.
A empresa anunciou sua rodada seed de US$ 1 milhão, liderada pela Niu Ventures e com participação da GV Ventures e de outras. O CEO do Gympass, Cesar Carvalho, investiu na rodada de pré-seed de US$ 360 mil em julho de 2020.
Perri atualmente fala bem o português, mas Arzivian ainda está aprendendo. A Nulinga tem sede em São Paulo, emprega 45 funcionários e tem cerca de 2 mil usuários. Alguns de seus clientes incluem a Ambev, a Clarios e a Lalamove.
A empresa tem operações no Brasil, México, Chile e Argentina, mas atende a todos os mercados da América Latina e obteve um crescimento de receita de 4,5 vezes A/A. Ela planeja utilizar os recursos da rodada para aprimorar o produto, desenvolver conteúdo e investir em marketing e vendas.
Na era do trabalho remoto, muitas empresas descobriram a necessidade de ter funcionários que falem vários idiomas, principalmente na América Latina, em que uma empresa pode ter sede no Brasil e funcionários em países de língua espanhola da região, ou vice-versa. À medida que as empresas se globalizam, o resultado natural é que se espera que os funcionários falem inglês para que tenham um idioma em comum.
É o caso do Nubank – o IPO mais recente do Brasil – em que o idioma oficial é inglês, mesmo os fundadores sendo uma mistura de brasileiros, colombianos e americanos.
Assim, a Nulinga se posicionou como um benefício corporativo e como um serviço para empresas que desejam manter seus atuais funcionários e oferecer o ensino ou o aprimoramento de outro idioma.
“Estamos ajudando as empresas a se globalizarem”, afirma Arzivian.
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--Esta matéria foi traduzida por Bianca Carlos, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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