Fusões e aquisições devem continuar expansão frenética em 2022

Empresas anunciaram mais de US$ 5 trilhões em acordos em 2021, quase US$ 1 trilhão acima do recorde anual anterior de 2017

“Conselhos, acionistas e equipes de gestão ignoraram a volatilidade, e o mercado de fusões e aquisições não perdeu o ritmo por 12 meses em 2021”
Por Michelle Davis
01 de Janeiro, 2022 | 07:40 PM

Bloomberg — A maior onda de fusões e aquisições da história não dá sinais de desaceleração.

Empresas anunciaram mais de US$ 5 trilhões em acordos em 2021, segundo dados compilados pela Bloomberg, quase US$ 1 trilhão acima do recorde anual anterior de 2017.

Incentivado por dinheiro barato e ganhos no mercado acionário, o setor corporativo foi em busca de aquisições para impulsionar o crescimento, incorporar novas habilidades ou simplificar estruturas. Em todos os dias úteis do ano, uma empresa bateu seu próprio recorde de aquisições, como a compra da Cerner pela Oracle por US$ 28,3 bilhões, o maior acordo fechado pela empresa até hoje. Em muitos casos, investidores incentivaram as empresas a buscarem acordos.

“Conselhos, acionistas e equipes de gestão ignoraram a volatilidade, e o mercado de fusões e aquisições não perdeu o ritmo por 12 meses em 2021”, disse Stephan Feldgoise, codiretor de M&A global do Goldman Sachs.

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O ano de 2021 foi marcado por empresas icônicas como Johnson & Johnson e General Electric anunciando cisões corporativas, uma disputa pela empresa ferroviária Kansas City Southern que terminou com a aquisição de US$ 31 bilhões pela Canadian Pacific Railway, e a planejada fusão da unidade de mídia da AT&T com a Discovery.

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Quase dois anos após o início da pandemia, negociadores esperam que o ritmo permaneça forte no ano que vem.

“Apesar de termos estabelecido um recorde para o mercado de fusões e aquisições, acredito que seremos capazes de alcançar alturas maiores se a confiança do CEO e da diretoria permanecer fortes”, disse Cary Kochman, cochefe global de M&A do Citigroup.

Private equity

Empresas de private equity desempenharam papel relevante neste fluxo. Os gastos do segmento em aquisições responderam por 24% do valor das transações globais neste ano, um recorde, mostram os dados. A aquisição da Medline Industries por US$ 34 bilhões e a compra da Athenahealth por US$ 17 bilhões - ambas por grupos de investidores financeiros - destacam-se como as maiores do ano e marcam um retorno dos acordos em consórcio que se tornaram menos comuns após a crise financeira.

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Empresas com foco em aquisições, abastecidas com mais de US$ 2 trilhões em caixa para investimentos, devem buscar alvos ainda maiores em 2022, disse Eric Schiele, sócio corporativo do escritório de advocacia Kirkland & Ellis. Ele não acredita que esse segmento do mercado vá mudar de tendência, acrescentando que esse tipo de investidor geralmente tem uma vantagem sobre a estratégia no atual ambiente antitruste mais difícil.

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Em outro setor, empresas de aquisição de propósito específico (SPACs na sigla em inglês), cujo único propósito é comprar outro ativo, injetaram bilhões ao total de acordos. Cerca de 25% do capital SPAC deve expirar no fim de 2022, de acordo com estimativas do JPMorgan Chase. Portanto, as chamadas empresas de cheque em branco devem continuar competindo com outros compradores para fazer as próprias aquisições em diversos setores no ano que vem, mesmo com a queda de popularidade do veículo, dizem consultores.

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