Miami — O seguro viagem está em alta no Brasil desde a reabertura das fronteiras neste ano, segundo dados de empresas e entidades do setor. A tendência é fechar 2021 com expressivo crescimento nas vendas na retomada das viagens internacionais, no momento em que as corretoras testam a receptividade dos consumidores a novos produtos, como aqueles que oferecem assistências específicas para imprevistos relacionados à pandemia da Covid-19, como o cancelamento prévio de voos.
- A SulAmérica diz que a emissão de prêmios em seguro viagem em novembro cresceu 373,3% em um ano e 40,5% no acumulado de 2021. Entre as vendas de seguro viagens, mais de 37% foram utilizados com a cobertura contra Covid-19, produto lançado em agosto
- A Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) afirma que, no 3º trimestre, os seguros viagem alcançaram R$ 78,1 milhões em prêmios, aumento de 36,8% em relação ao trimestre anterior e uma alta de 116,4% na comparação com igual período de 2020.
- A Globus Seguros atribui a alta de 30% na contratação desse tipo de produto, em outubro, à reabertura dos EUA para os brasileiros, no dia 8 de novembro. A corretora estima que nos meses de novembro, dezembro e janeiro o aumento seja de 80% em relação a outubro
- A Bradesco Vida e Previdência viu a demanda crescer e agora passa a oferecer aos segurados a cobertura para Covid-19. Além das coberturas e assistências tradicionais para despesas médicas, hospitalares e odontológicas, o produto inclui traslado médico, retorno sanitário, perda de bagagem e cancelamento prévio de viagem
Esses movimentos do mercado indicam um resultado positivo para o setor como um todo no segundo ano da pandemia da Covid-19. A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) avaliou que, sem considerar dados dos seguros saúde e DPVAT, o setor segurador deve fechar o ano com aumento de 14,1% sobre 2020 em cenário otimista e com crescimento de 9,4% em cenário pessimista.
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“Os dados mais recentes, de outubro, sem considerar saúde suplementar e DPVAT, apontam arrecadação de R$ 303,4 bilhões, representando crescimento de 12,6% na variação em 12 meses móveis até outubro de 2021, sobre 2020″, disse Marcio Coriolano, presidente da CNseg, em comunicado sobre o balanço do setor. Ele destacou estes dados de outros produtos
- Danos e Responsabilidades: alta de 13,3% na comparação dos 12 meses móveis até outubro de 2021, em relação a igual período de 2020
- Cobertura de Pessoas/Planos de Risco: evolução de 12,9% na comparação dos 12 meses móveis até outubro de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020
- Cobertura de Pessoas/Planos de Acumulação: crescimento de 14% na comparação dos 12 meses móveis até outubro de 2021, sobre idêntico período de 2020
- Capitalização: incremento de 3,5% na comparação dos 12 meses móveis até outubro de 2021, em relação à igual período de 2020
- Saúde suplementar: alta de 7,1% nos quatro trimestres móveis findos no 3° trimestre
Covid-19
Com a maior demanda por esse tipo de produto, o setor testa novos modelos. Um exemplo é a AIG Seguros, que mira o mercado de viagens corporativas e apresentou ao mercado a modalidade “pay per use”, um modelo de contratação possível para empresas de qualquer tamanho e quantidade de funcionários, em que o pagamento do seguro de viagens a trabalho se dá apenas após o uso e de acordo com a quantidade de dias informados no certificado de seguro emitido previamente.
Na SulAmérica, os pacotes de seguro viagem para Brasil, América Latina, Europa, Mundo e a categoria “estudante” permitem agora a contratação facultativa das assistências adicionais para eventos relacionados à Covid-19. A iniciativa tem por objetivo, segundo a empresa, atender à demanda de alguns países que, além do seguro, exigem assistências específicas para o novo coronavírus. O surgimento da variante ômicron, que se dissemina pelo planeta, é um ponto de atenção que faz o viajante redobrar seus cuidados, planejando proteção para situações inesperadas, com o risco de contaminação.
A Affinity Seguro Viagem percebeu essa demanda em outubro de 2020 e passou a oferecer um produto voltado especificamente para a Covid-19 no país. Mais de 80% de suas vendas hoje são deste tipo de seguro, segundo a companhia. Em setembro, por exemplo, a empresa registrou crescimento de 488%, quando comparado ao mesmo mês de 2020. A estimativa é fechar 2021 com crescimento de 133,89%. A Affinity diz que os destinos dos viajantes que contrataram seus seguros não sofreram alterações. Mais da metade (53%) são para viagens para a Europa. Em seguida aparecem: EUA (18%), outros destinos exceto Américas e Europa (13%), Brasil (10%) e América Latina (8%).
Embora o seguro viagem seja mais utilizado para viagens internacionais, há também uma procura maior para viagens nacionais. Na Globus, as contratações são principalmente para turistas que vão para o Ceará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. Já no quesito exterior, Inglaterra, França, Egito, Itália e Indonésia lideram.
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Antes de contratar um seguro de viagem, o consumidor tem de ficar atento às características do produto, a fim de escolher o mais adequado ao seu perfil de viajante e necessidades. Especialistas indicam três fatores devem ser considerados:
- Perfil da viagem: é importante avaliar, por exemplo, se o destino escolhido é tranquilo ou mais agitado, se envolve alguma atividade radical ou se haverá acompanhantes, entre outros pontos. Esses detalhes são essenciais para que a seguradora possa indicar o produto mais adequado à demanda
- Custo-benefício: o seguro viagem geralmente viabiliza um custo mais acessível em casos de imprevistos, sendo imprescindível para quem planeja viagens internacionais. Por isso, vale conferir todas as coberturas e assistências oferecidas pela seguradora
- Assistência: o seguro oferece uma série de assistências adicionais, como internação hospitalar, despesas odontológicas e intervenções cirúrgicas. Considere todas as opções para contratar o produto mais adequado às suas necessidades
Reclamações
A Proteste, que recebe reclamações de consumidores, avaliou 89 planos de seguro-viagem disponíveis no mercado e dá dicas na hora de contratar esse tipo de produto. “A principal dica é ler o contrato, antes de finalizar a transação, para saber quais são as exclusões (o que não é coberto, ou seja, não resulta em indenização) e as coberturas, que são divididas em obrigatórias e adicionais ou complementares”, afirma Rodrigo Alexandre, especialista da Proteste.
Desde 2016, a Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão que regulamenta o mercado de seguros, ampliou o número de coberturas obrigatórias, que, até aquele ano, eram apenas duas (de morte e invalidez permanente). Com a publicação da Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP 315/2014), a lista ganhou itens como despesas médicas, hospitalares e odontológicas. “Mas elas só devem ser oferecidas aos consumidores na contratação do seguro-viagem para o exterior. Em trajetos nacionais, elas são opcionais”, observa Alexandre. Abaixo, conheça a maioria delas.
Coberturas obrigatórias
- Despesas médicas, hospitalares e/ou odontológicas em viagem ao exterior - São pagas as contas efetuadas em decorrência de tratamento ocasionado por acidente pessoal ou enfermidade súbita e aguda ocorrida em viagem ao exterior
- Regresso sanitário - Indenização das despesas com o traslado de regresso do segurado ao local de origem da viagem ou de seu domicílio, conforme definido nas condições contratuais do seguro. Mas somente se o viajante não se encontrar em condições de retornar como passageiro regular por motivo de acidente pessoal ou enfermidade previstos
- Traslado Médico - Indenização das despesas com a remoção ou transferência do segurado até a clínica ou hospital mais próximo em condições de atendê-lo, por motivo de acidente pessoal ou enfermidade cobertos pelo seguro
- Morte em viagem - Pagamento do capital segurado ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na apólice, no certificado individual ou no bilhete, de uma única vez ou sob a forma de renda. Isso quando ocorrer o falecimento do segurado por causas naturais ou acidentais, durante o período de viagem
- Morte acidental em viagem - O capital segurado é pago ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na apólice, no certificado individual ou no bilhete, de uma única vez ou sob a forma de renda, em caso de falecimento do segurado, por acidente pessoal ocorrido durante a viagem
- Invalidez permanente total ou parcial por acidente em viagem - Pagamento de indenização em caso de perda, redução ou impotência funcional definitiva, total ou parcial, dos membros ou órgãos definidos na apólice, no certificado individual ou no bilhete. Refere-se à ocorrência de lesão física sofrida pelo segurado, provocada por acidente pessoal ocorrido durante o período de viagem
- Traslado de corpo - Indenização, em casos de despesas com a liberação e transporte do corpo do segurado do local da ocorrência do evento coberto até o domicílio ou local do sepultamento. Nessa situação, são incluídos nas despesas todos os procedimentos e objetos imprescindíveis ao traslado do corpo. No entanto, esta cobertura não pode ser contratada isoladamente; apenas conjugada com uma das anteriores.
Coberturas adicionais ou complementares
- Bagagem - Para casos de extravio, roubo, furto, dano ou destruição dela
- Funeral - Cobre as despesas com o funeral, em caso de falecimento do segurado durante o período de viagem
- Regresso antecipado - Indeniza as despesas com o traslado de regresso do segurado ao local de domicílio ou origem da viagem
- Cancelamento de viagem - Consiste na indenização das despesas não reembolsáveis com a aquisição de pacotes turísticos e/ou serviços de viagens, como transporte e hospedagem, na ocorrência de evento coberto que impeça o segurado de viajar ou continuar viajando