‘Mulheres têm quebrado mitos do mercado financeiro’, diz Sara Delfim

Sócia da Dahlia Capital ficou entre os 100 Empreendedores de 2021 pela Bloomberg Línea, e disse que a inclusão na lista “foi uma surpresa”

“Ainda existe muito mito e preconceito sobre o mercado financeiro, de que é bruto, masculino e que não dá para aguentar, e não é verdade”
26 de Dezembro, 2021 | 09:02 AM

Bloomberg Línea — É dado que o mercado financeiro traz um ambiente dominado por homens e que são poucas as mulheres que, ainda em 2021, liderem seus negócios na área. Sara Delfim é uma dessas poucas. A sócia da Dahlia Capital acumula mais de 20 anos de experiência entre bancos tradicionais e sua gestora, que agora tem quatro anos de existência - e, quando a companhia surgiu, ela mais uma vez era a única presença feminina.

“Ainda existe muito mito e preconceito sobre o mercado financeiro, de que é bruto, masculino e que não dá para aguentar, e não é verdade”, disse a economista em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.

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“As mulheres foram quebrando esses mitos e as empresas têm acompanhado essas mudanças”.

Até mesmo do lado dos investidores o mercado financeiro ainda é dominado por homens. O número de CPFs femininos investindo na Bolsa de Valores de São Paulo só atingiu o primeiro milhão em abril deste ano, ante mais de 2,6 milhões de homens. Em outubro, o número de mulheres investindo na Bolsa era de 1,1 milhão, ante 2,9 milhões de homens, conforme dados mais recentes da B3.

Sara é especialista em infraestrutura e largou seu emprego de quase 10 anos no Merrill Lynch para fundar a Dahlia no fim de 2017. Ela foi incluída na lista dos 100 Empreendedores de 2021 pela Bloomberg Línea, o que para ela foi uma surpresa: “estamos mais acostumados a entrar em listas de fundos, mas de empreendedores foi uma surpresa”, disse.

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A gestora conta que quando trabalhava no Bank of America já participava do comitê de diversidade da instituição e era estimulada a ter mais mulheres nos programas de estágio. “Muitas vezes íamos até as faculdades para explicar o que cada função fazia, e ainda assim recebíamos muito mais aplicações de homens. Entrevistávamos todas as meninas que se candidatavam, mas elas costumavam a resistir muito a posições no mercado financeiro.”

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Sara acredita que com o passar dos anos e com o aumento - ainda que tímido - de mulheres no mercado financeiro, as empresas acompanharam a tendência e também passaram a se adaptar para receber as funcionárias.

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“Quando eu entrei no banco, não existia uma sala de amamentação, ou um espaço para levar criança quando você precisa. As empresas mudaram muito.”

Na criação da Dahlia Capital, Sara era a única representante feminina como sócia, junto com três homens. Hoje em dia, ela conta que a cena é diferente.

Minha única exigência no início era termos um nome feminino. E foi dahlia, que é uma flor latino-americana que é perene, sobrevive em várias condições climáticas. Hoje em dia, 50% da empresa são mulheres, e temos representantes em todas as áreas.

Sara Delfim

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Sara conta que atualmente, depois de engravidar já trabalhando no mercado financeiro, incentiva que suas funcionárias e colegas não deixem suas vidas pessoais de lado, e prega pelo equilíbrio. Perguntada sobre em que prioriza investir, a gestora respondeu: “São tantas coisas que fazemos para estarmos bem e satisfeitos. Eu invisto em fazer o bem, seja em casa ou no trabalho. Eu invisto em fazer o bem.”

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.