Bloomberg — A moeda chinesa demonstra o maior impacto até hoje sobre as moedas de países emergentes e pode ter papel crucial em seu desempenho no ano que vem.
A correlação entre o yuan e um índice da MSCI que acompanha moedas de nações em desenvolvimento bateu recorde em setembro, antes do leve recuo diante do avanço da variante ômicron, segundo dados da Bloomberg. Embora a relação próxima seja parcialmente atribuída ao grande peso da China, o movimento também é impulsionado pelo fato de o yuan ter alcançado sua mais forte correlação com a moeda brasileira desde pelo menos 2008. No caso da rúpia indiana, a relação atingiu o maior nível em três anos.
A crescente influência global do yuan é mais um sinal do aprofundamento das conexões da China com a economia mundial. Os investidores estão cada vez mais interessados nos títulos chineses como alternativa aos títulos do Tesouro dos EUA, enquanto alguns bancos defendem que o yuan se junte ao dólar, euro e iene como moeda de reserva global. No entanto, o potencial da China é ofuscado por políticas governamentais obscuras e repressão regulatória. Assim, um vínculo muito estreito com o yuan pode trazer riscos.
“A China será um elemento muito importante para a estabilidade dos países emergentes e para o panorama de crescimento”, disse Magdalena Polan, principal economista da PGIM em Londres. “A disposição das autoridades chinesas de estabilizar o crescimento será muito importante para as perspectivas de América Latina, Ásia e África do Sul, que ainda dependem muito das exportações da China.”
A correlação entre o yuan e seus pares no MSCI Emerging-Markets Currency Index subiu para 0,81 em setembro em bases semanais, vindo de 0,24 no final de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A correlação estava em 0,72 na quinta-feira. O resultado 1 significaria que os ativos se movimentam em total sincronia.
Embora as correlações possam ser medidas de várias maneiras, a presença crescente da China no comércio global vem fortalecendo os vínculos entre o yuan e seus pares em mercados emergentes. Em 2000, a nação em desenvolvimento média enviava apenas 2,2% de suas exportações para a China, enquanto hoje essa parcela está em 11,3%, segundo dados do Société Générale.
Para o banco de investimento, a relativa estabilidade do yuan o torna mais estreitamente correlacionado com moedas de países emergentes onde os governantes têm mais força e credibilidade, como México, Chile e Coreia do Sul. No entanto, desde a guerra comercial entre EUA e China em 2018, as ligações do yuan com os emergentes como um todo ficaram mais firmes, com a correlação média avançando para 83% naquele ano, de acordo com dados do SocGen.
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