Como a América Latina recebeu US$ 14,8 bi em venture capital em 2021

Alguns investidores afirmam que a causa foi a pandemia, outros dizem que era apenas questão de tempo; de qualquer maneira, 2021 foi um ano de recordes de venture capital na região

Fundos levantados em 2021 superaram quantias dos anos anteriores combinados
Por Marcella McCarthy (Brasil)
23 de Dezembro, 2021 | 07:02 PM

Miami — Enquanto a pandemia levava as pessoas da América Latina – e de todo o mundo – a usar a tecnologia para ensino e aprendizagem, negócios, alimentação, compras, serviços bancários e outros, fundos de venture capital entravam na região como nunca.

Em 2021, empresas sustentadas por venture capital levantaram US$ 14,8 bilhões em 772 negócios na América Latina, segundo dados do PitchBook. Isso é mais do que o capital total investido na região nos seis anos anteriores combinados.

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Os investidores estrangeiros não deram muita atenção à região até por volta de 2019, quando o SoftBank lançou seu Fundo Latino-Americano de US$ 5 bilhões – uma grande aposta, já que a região só havia levantado um total de US$ 3,9 bilhões em venture capital no ano anterior. No entanto, outros investidores repararam. A combinação da adoção de tecnologia devido à pandemia e a maturidade do ecossistema de startups da região parece ter gerado uma explosão no empreendedorismo.

Enquanto muitas empresas de tecnologia floresceram durante a pandemia e cresceram a uma velocidade nunca antes vista, Nico Berman, sócio da Kaszek, considera o boom uma questão de tempo e o resultado de alguns fatores.

“É uma combinação de coisas, e a mais importante foi a explosão de empreendedores incríveis na região”, disse ele.

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O ecossistema amadureceu e “estamos começando a ver empreendedores ressurgindo; as pessoas estão percebendo que há uma grande oportunidade e estão indo atrás “, acrescentou Berman.

“Você tem um grupo maior de empreendedores brilhantes e experientes em busca da inovação. E o mundo do venture capital também está percebendo que há uma grande oportunidade na América Latina, principalmente porque vivemos em um mundo com infraestrutura ineficiente e com uma tecnologia que pode ser mudada”, disse ele.

Do total de 17 unicórnios latino-americanos, nove foram criados este ano.

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Este ano, muitos negócios incluíram empresas estrangeiras de crescimento, como a Tiger Global, a D1, a DST e a Coatue, que vêm aumentando seu foco na região. Também vimos mais ações de investidores em estágio inicial, como a Andreessen Horowitz, a Accel e a Benchmark. Nessa categoria, também se encontra o SoftBank, que disse ao Pitchbook ter descoberto a necessidade de fechar negócios mais cedo.

“Nos tornamos investidores em estágio inicial porque a concorrência aumentou em todos os níveis, e essa é a única forma de evitar a concorrência apenas em negócios que ganham visibilidade nos Estados Unidos”, disse Shu Nyatta, colíder do Fundo para a América Latina da SoftBank, à Pitchbook.

Embora a economia do Brasil possa passar por maus bocados, o mesmo não é verdade para países desenvolvidos. Há apenas algumas semanas, o Nubank abriu o capital na NYSE com capitalização de mercado de US$ 52 bilhões.

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Com o Nubank de capital aberto, começaremos a ver as pessoas deixarem a empresa para abrir os próprios negócios. Estes estarão bem conectados, serão experientes e, se não forem financeiramente apoiados por David Vélez, pelo menos terão sua bênção – o que já é alguma coisa. Afinal, é só olhar para todas as empresas financiadas por Vélez e/ou fundadas por antigos funcionários do Nubank. Esse é o chamado “efeito multiplicador”, conforme ilustrado pela Endeavor:

Créditos: Endeavor

-- Esta nota foi traduzida por Bianca Carlos, Localization Specialist da Bloomberg Línea

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Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.