Com nova fábrica, Ambev dribla falta de garrafa de vidro para cerveja

Companhia prevê inaugurar nova fábrica de vidros em 2025 no Paraná, enquanto setor alerta para escassez da matéria-prima para embalagem no mercado

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São Paulo — Depois do alerta do Sindicato Nacional da Indústria Cervejeira sobre a falta de garrafas de vidro, a Ambev anunciou, nesta quinta-feira (23), que vai construir uma nova fábrica de vidros sustentáveis, com previsão de começar a operar em 2025, no Paraná, um investimento de R$ 870 milhões, com objetivo de abastecer todo o país.

A falta de garrafas reflete o impacto que a pandemia da Covid-19 gerou na cadeia de insumos e produção de embalagem. Algumas empresas optaram pela importação, elevando seus custos por conta da alta do dólar.

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Segundo nota da Ambev, a fábrica de vidros no Paraná produzirá garrafas a partir da reciclagem de cacos, recolhidos em parcerias com empresas de logística reversa e cooperativas. A nova planta terá capacidade de produzir garrafas long neck, 300ml, 600ml e 1L para diversos rótulos, como Stella Artois, Becks e Spaten, e abastecerá suas cervejarias em diversos estados, além do próprio Paraná. Não será a primeira unidade do tipo da companhia. A primeira fábrica de vidros da Ambev foi inaugurada em 2008 no Rio de Janeiro.

Segundo Rodrigo Clemente, fundador da BLZ Recicla, empresa do grupo JVMC criada para promover e contribuir com a economia circular do vidro, dados da Neogrid, empresa especializada em soluções para a gestão da cadeia de suprimentos, mostram que a cerveja tem registrado uma alta na indisponibilidade nos supermercados de 10,2% para 11,9%. “A indústria de cerveja ainda tem dificuldade para encontrar matéria-prima para embalagem no mercado. Há um desequilíbrio entre oferta e procura”, diz.

A BLZ Recicla diz que já retornou mais de 16 milhões de garrafas para reuso da indústria e cresceu 163% no primeiro semestre de 2021. A reciclagem é uma opção que socorre esse mercado, uma vez que esse ciclo o abastece sem precisar causar maiores degradações ambientais. Segundo a companhia, diversos segmentos da indústria buscam soluções para a escassez e o aumento do preço de matéria-prima.

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Pesquisa da Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), instituição que reúne os fabricantes, indica que 57% das empresas de bebidas alcoólicas já apresentam iniciativas ou práticas relativas às políticas de meio ambiente e sustentabilidade e 69% trabalham com a redução de resíduos sólidos, números expressivos, visto que as práticas de ESG ainda estão engatinhando dentro do setor privado.

“A nova fábrica de vidros vai impulsionar um futuro cada vez mais sustentável. Essa novidade vai impactar positivamente todo o ecossistema de logística reversa. Além da meta de embalagem circular, a construção endereça outros compromissos da companhia, como ter 100% da energia proveniente de fontes renováveis”, disse Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Ambev.

Latas

Já a produção de latas de alumínio disparou na pandemia em grande parte pelo aumento do consumo de bebidas em latas e as perspectivas são de novo crescimento, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Produtores de Latas de Alumínio (Abralatas). No ano de 2020, foram comercializadas 32 bilhões de latas no país, aumento de 7,3% Os resultados de 2021 sinalizam essa aceleração, com expectativa de que sejam vendidas até o fim do ano 35 bilhões de latas no país, aumento de 10%, segundo a entidade.

Em virtude do isolamento devido a pandemia, houve um incentivo à mudança de hábito, que levou muitas pessoas a optarem por consumir bebidas em latas em vez da garrafa de vidro. Isso provocou o aumento da participação de cerveja em lata de 50% para 70% em relação à cerveja em garrafa. As latas levam vantagens sobre a garrafa devido à variedade de formatos, maior reciclabilidade, praticidade e por serem consideradas mais limpas e melhores para logística em vendas e-commerce.

“O consumidor se tornou muito mais adepto à utilização de latas e os números mostram que essa tendência continuará em expansão. Dentro dessa necessidade de aumentar a produção com alta qualidade, os desengraxantes de baixa temperatura são um grande diferencial para o setor, sobretudo diante do aumento da produção nacional, somada à preocupação ambiental e a necessidade de redução de custos ao cliente”, disse Anderson José Guerrero, gerente de vendas do departamento Metal Packaging da Henkel Latam, fabricante global de tecnologia para fabricação e limpeza das latas e tampas.

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