Jovens ativistas reescrevem regras de mineração no Chile

Propostas recebidas variam desde estabelecer prazos para concessões até banir totalmente minas sob algumas condições

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Bloomberg — Ativistas ambientais como Constanza San Juan têm sido, na melhor das hipóteses, figuras secundárias na ascensão do Chile como o fornecedor dominante de cobre nas últimas décadas. Agora, ela e outros ativistas estão reescrevendo as regras, com dezenas de bilhões de dólares em investimentos que dependem do resultado.

Com 35 anos, San Juan luta contra o setor de mineração desde que a Barrick Gold chegou à sua região há duas décadas. Ela faz parte de um comitê que vai decidir como o meio ambiente e os recursos naturais serão incluídos na nova Constituição em substituição à Carta Magna que remonta à ditadura de Augusto Pinochet.

“Precisamos mudar completamente o modelo extrativista para um que esteja em harmonia com a natureza”, disse San Juan em entrevista. Ela prometeu não se reunir com lobistas durante o processo. “As mudanças devem ser feitas no espírito do que deu início a todo esse movimento para transformar o Chile. A mineração só trouxe pobreza.”

As deliberações começarão para valer no início de 2022, e é provável que parlamentares se sintam encorajados pela eleição no domingo do presidente mais esquerdista desde Salvador Allende. As propostas variam desde estabelecer prazos para concessões até banir totalmente minas sob algumas condições. A indústria do cobre busca manter o modelo de concessão por tempo indeterminado que, segundo o setor, é fundamental para o planejamento de longo prazo que sustenta os investimentos.

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Há muito em jogo. O governo do Chile lista um total de quase US$ 70 bilhões em possíveis projetos de mineração nesta década. Parte disso dependerá de como será a nova Constituição e se esta será ratificada por um referendo. Como tal, o documento ajudará a determinar o volume a ser explorado das reservas de cobre e de lítio nos próximos anos para atender à crescente demanda global na transição dos combustíveis fósseis.

“Até que isso seja esclarecido - a questão da segurança jurídica e quaisquer novas regras -, não veremos grandes investimentos”, disse Diego Hernández, presidente da Sociedade Nacional de Mineração (Sonami), do Chile.

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