Covid: Biden vai enviar 500 milhões de testes grátis para casa dos americanos

A vice-presidente Kamala Harris admitiu que o governo foi pego de surpresa pelo surgimento da variante ômicron

Presidente Joe Biden deve fazer discurso duro para advertir quem não tomou vacina
Por Josh Wingrove
21 de Dezembro, 2021 | 11:08 AM

Bloomberg — O presidente Joe Biden enviará 500 milhões de testes de coronavírus gratuitos para as casas dos americanos a partir do próximo mês. Ele também levará militares para ajudar no trabalho de hospitais que começam a ficar lotados, enquanto os EUA enfrentam um recrudescimento da pandemia.

Biden vai anunciar novas medidas para tentar conter o vírus nesta terça-feira, um dia depois que o CDC afirmou que a variante omicron, identificada pela primeira vez na África do Sul, agora é responsável pela maioria dos novos casos nos EUA. O objetivo é aumentar os testes, ampliar a capacidade de cuidados hospitalares e vacinas sem implementar novas restrições ou lockdowns.

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O presidente americano também vai fazer uma advertência contundente aos não vacinados, disse um alto funcionário do governo, dizendo que essas pessoas correm o risco de enfrentar doenças graves ou morte. Ao mesmo tempo, vai dizer que os americanos que tomaram as vacinas que eles podem se reunir com segurança com suas famílias durante as férias.

No discurso, o presidente buscará novamente tranquilizar os americanos de que seu governo pode combater mais uma onda do vírus, a segunda de sua presidência. Mas ele enfrenta a percepção de que o governo foi pego de surpresa quando os casos começaram a aumentar no início deste mês e os americanos passaram a reclamar que os kits de teste, cruciais para controlar a transmissão, tornaram-se escassos.

EUA foram pegos de surpresa

A vice-presidente Kamala Harris disse ao Los Angeles Times que o governo foi pego de surpresa pelo surgimento da variante ômicron do vírus, que agora foi identificada na maioria dos estados.

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A estratégia de Biden depende do incentivo à vacinação, mesmo quando novos contágios sobrecarregam o sistema de saúde do país e os americanos encontram exames em falta e vêem escolas fechando em resposta ao aumento dos casos no país

“Este não é um discurso sobre lockdown no país”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. Biden pretende traçar contrastes gritantes com picos semelhantes em casos anteriores à pandemia, disse ela. “Para ser claro: a Covid-19 não é a mesma ameaça para os indivíduos totalmente vacinados que era em março de 2020.”

A Casa Branca desencorajou o fechamento de escolas, embora Psaki tenha dito na segunda-feira que “os distritos escolares locais precisarão tomar as decisões que considerem apropriadas para suas comunidades”.

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Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças divulgaram, na semana passada, estudos que apóiam as chamadas estratégias de “teste de permanência”, em que os alunos expostos a um caso podem permanecer em sala de aula sob certas condições. Ainda assim, houve 646 fechamentos de escolas relacionadas à Covid nesta semana, contra 356 na semana anterior, de acordo com o Burbio, um serviço de dados que agrega calendários em todo o país.

500 milhões de testes

A nova estratégia de Biden inclui a compra de 500 milhões de testes domiciliares, que serão distribuídos gratuitamente aos americanos que os solicitarem, disse um alto funcionário do governo, que informou aos repórteres sob condição de anonimato antes do discurso.

Os testes estarão disponíveis a partir de janeiro, e a administração planeja lançar um site sobre o assunto, embora os detalhes ainda estejam sendo esclarecidos, disse o funcionário. O governo enviará até 1.000 militares para ajudar nos hospitais, conforme necessário.

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Biden também estabelecerá locais de teste, começando na cidade de Nova York nesta semana, e direcionará a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências para ajudar a expandir a capacidade do hospital onde for necessário e implantar ambulâncias para transferir pacientes de pontos críticos.

Os movimentos do presidente são um reconhecimento de que a capacidade de teste não é suficiente. Especialistas em saúde pública também questionaram as mensagens do governo sobre as vacinas de reforço, que foram inicialmente disponibilizadas para uma fatia limitada da população - o diretor do CDC rejeitou um painel consultivo que queria restrições ainda mais estreitas - antes que a elegibilidade fosse ampliada no início deste mês.

“Não temos o teste certo - agora, dois anos depois - e não temos nosso pessoal vacinado ou reforçado?” disse Eric Topol, diretor do Scripps Research Translational Institute. “Tudo escorregou.”

Vacinação de reforço, com uma terceira injeção, devem ser recomendadas com mais ênfase, disse ele. “Não temos sido agressivos e ousados sobre nenhuma estratégia, e isso é exemplificado melhor pelo trabalho mal feito”, disse ele.

Hospitalizações Estáveis

A média móvel de sete dias de casos está aumentando, atualmente em cerca de 133 mil casos por dia, quase o dobro dos níveis de dois meses atrás. O CDC anunciou na segunda-feira que a ômicron foi responsável por cerca de 73% dos novos casos de 12 a 18 de dezembro.

Francis Collins, o agora aposentado chefe do National Institutes of Health, disse na semana passada que o país pode ver até um milhão de casos por dia.

A questão que permanece é o quão doente os infectados ficarão. Anthony Fauci, o principal conselheiro médico de Biden, disse que é muito cedo para dizer, mas que os sinais de ômicron podem ser menos graves. A média nacional de sete dias de novas hospitalizações, na verdade, diminuiu nos últimos dias, embora a métrica normalmente fique atrasada no aumento do número de casos.

E o aumento de casos, que a equipe de Biden espera, pode encher hospitais mesmo se a gravidade da doença for reduzida.

Celine Gounder, uma médica que serviu como conselheira da equipe de transição da Covid de Biden, disse que um aumento nos casos em áreas altamente vacinadas pode ser administrável se as hospitalizações também não aumentarem. A Casa Branca começou a pensar em hospitalizações e mortes como uma medida melhor para a gravidade da pandemia do que o número de casos brutos.

“Refocar a atenção das pessoas nas hospitalizações e mortes, ao invés de casos e infecções, é realmente importante para as pessoas entenderem que as vacinas estão funcionando”, disse Gounder.

Ela disse que não via necessidade de novos lockdowns. “Há um desejo real de evitar mais dificuldades sociais e econômicas com esse tipo de medidas draconianas.”

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