2022: Covid, clima e petróleo são principais desafios, diz sócia da Dahlia

Em entrevista à Bloomberg Línea, gestora da Dahlia Capital explica os destaques para o próximo ano, com eleição no Brasil

Economista com mais de 20 anos no mercado financeiro foi uma das 36 personalidades brasileiras selecionadas para os 100 Empreendedores de 2021 pela Bloomberg Línea
21 de Dezembro, 2021 | 08:48 AM

Bloomberg Línea — “O mantra é a diversificação”: Foi o que respondeu a gestora e sócia da Dahlia Capital, Sara Delfim, ao entrar no assunto sobre os planos para os fundos da casa em 2022.

A cofundadora da gestora disse, em entrevista à Bloomberg Línea, que são três os principais elementos que os analistas da casa prestarão mais atenção no próximo ano: Covid, clima e petróleo. Além disso, as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e as eleições presidenciais no país completam o cenário para um ano que promete instabilidades.

PUBLICIDADE

“Apesar dos solavancos, o Brasil é um dos principais países em vacinação completa. A covid já está mapeada para nós, agora por aqui é só manter o ritmo dos protocolos”, disse Sara. “O segundo item é que não adianta o BC subir a taxa básica de juros porque isso não vai fazer chover. Isso não vai fazer a safra do mundo melhorar e nem o preço do petróleo cair.”

Tivemos crise hídrica, houve forte choque na cesta básica. Como não choveu no Brasil, estamos em bandeira vermelha de energia elétrica, e isso pesa muito na parte dos alimentos

Sara Delfim

Veja mais: Preço dos alimentos vai ao maior patamar desde 2011

A gestora segue: “O terceiro elemento é o petróleo. O preço do barril tocou os US$ 85 há dois meses, e agora volta a cair com perspectivas de novos lockdowns pelo mundo. Isso tudo gera inflação. Mas não é uma inflação de demanda, com consumo alto. É uma inflação de oferta. Precisa de mais chuva e mais alimentos.” Outros fatores do cenário global, como a mudança de política do Federal Reserve, o banco central americano, e a provável reaceleração da economia da China após as olimpíadas de inverno também estarão no radar.

PUBLICIDADE

A economista com mais de 20 anos no mercado financeiro foi uma das 36 personalidades brasileiras selecionadas para os 100 Empreendedores de 2021 pela Bloomberg Línea. Após quase quatro anos à frente da Dahlia, Sara ainda é uma das poucas mulheres gestoras do país.

Ela defende que o ciclo de alta de juros iniciado pelo Copom neste ano pode não se estender muito por 2022, já que acredita que a inflação deve começar a acomodar e arrefecer as altas constantes no primeiro trimestre do próximo ano.

Subir a Selic não vai fazer esses três elementos mudarem; acaba apertando mais a economia e fazendo as pessoas sofrerem mais, principalmente as classes baixa e média. Um reequilíbrio dos preços do petróleo e aumento das chuvas no Brasil podem levar ao BC a segurar as altas de juros ou até voltar a cortar

Sara Delfim

No Brasil, especificamente, ainda é ano de eleição presidencial. O primeiro turno está agendado para o dia 2 de outubro. “Vai ser polarizado, combativo e barulhento como sempre”, disse. “Já passamos por várias, o processo é sempre volátil e por isso é importante ter exposição e proteção no exterior.

PUBLICIDADE

“É bom ter também ativos de empresas com balanços sólido, marcas fortes que se descolem desse cenário brasileiro, que usem o ciclo de baixa para fazer novas aquisições. Navegar com cautela e protegido, monitorando chuva, petróleo e China serão determinantes.”

Leia também: Lula flerta com o vice-presidente centrista à frente da corrida presidencial brasileira

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.