Uma empresa recém-fundada por ex-executivos da B2W, dona das Americanas, captou US$ 3 milhões para escalar uma solução tecnológica que aumente a presença de vendedores internacionais – principalmente, os chineses – nos marketplaces brasileiros.
Criada em outubro, a Cross Commerce Store tem como foco oferecer um pacote de soluções que posicione mercadorias de vendedores internacionais nas principais plataformas de vendas online do Brasil, mercado ainda inalcançável para grande parte destes fornecedores.
O Brasil é um dos grandes mercados mundiais para o e-commerce. Segundo levantamento da Ebit/Nielsen, quase 80 milhões de consumidores movimentaram R$ 15,6 bilhões em plataformas de compra em 2020.
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A premissa da Cross Commerce é que grande parte dos cerca de um milhão de vendedores chineses que já estão na Amazon americana pode alcançar o consumidor final também no Brasil, mas não faz isso por barreiras de entrada, como desconhecimento do mercado e de como atuar num ambiente pulverizado de plataformas no país.
“Num mercado como o do Brasil, se o vendedor internacional quiser ir bem, ele precisa estar conectado em pelo menos uns oito marketplaces, porque a gente tem um mercado muito fragmentado”, explicou João Ricardo Vieira, fundador e o presidente da Cross Commerce à Bloomberg Línea.
Vieira e Eduardo Macedo, outro cofundador, se conheceram no Site Blindado, que foi adquirida pelo pela B2W. Eles continuaram trabalhando com a B2W, onde conheceram o terceiro sócio, Renato Marcelino, que já havia fundado a Skyhub, também comprada pela empresa.
“Para o vendedor fazer isso sozinho é superdifícil, imagina que ele tem que integrar como as plataformas de cada um desses marketplaces, o que vende, por quanto vende, cada um tem uma dinâmica diferente, integração de produtos e estoques, como funcionam os impostos, montar uma operação logística internacional.”
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A empresa já tem 30 fornecedores na China. Diferentemente do mercado americano, onde a Amazon é uma força dominante, aqui a empresa de Jeff Bezos tem cerca de 8% do mercado. Além das Americanas, Casas Bahia e Magazine Luiza estão começando o marketplace de vendedores internacionais. Outros players internacionais, como AliExpress e Shoppee, também são pequenas aqui.
Segundo Vieira, a empresa abriu um escritório em Hong Kong e estabeleceu parcerias com quatro grandes armazéns logísticos na China para captar vendedores internacionais que já estão no mercado americano. O vendedor envia para a plataforma as informações de produtos, preço e estoques e Cross Commerce sobe, de maneira automática, as ofertas dos vendedores em suas lojas virtuais em todos os principais marketplaces.
COMO FUNCIONA: Quando alguém compra um produto, o vendedor imprime uma etiqueta da Cross Commerce para embalar o produto e entrega em algum dos armazéns credenciados na China. A plataforma brasileira define a estratégia de vendas, promove as as mercadorias no Brasil, gerencia os pedidos, além de cuidar da integração com os principais marketplaces do país, como Americanas, Mercado Livre e Amazon, que representam cerca de 60% do market share.
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Para o consumidor brasileiro, a compra é feita na Cross Commerce, que se remunera com uma fração dessas vendas internacionais pelos fornecedores no exterior, que também pagam uma taxa mensal para usar o serviço.
Em setembro, a Cross Commerce levantou US$ 3 milhões em sua primeira rodada de investimentos, liderada pela firma de capital de risco Canary. Maya Capital, Global Founders Capital (GFC), OneVC e Norte Ventures também participaram.
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