Juiz de NY analisa situação da Latam em janeiro; Azul ainda no páreo

Audiência no Tribunal de Falências dos EUA em Nova York está marcada para o dia 27 do mês que vem

Latam entrou em processo de recuperação judicial em maio de 2020 após a declaração da pandemia da Covid-19 pela OMS e fechamento das fronteiras
16 de Dezembro, 2021 | 05:14 PM

São Paulo — O juiz do Tribunal de Falências dos EUA, James L. Garrity, marcou uma audiência para o dia 27 de janeiro de 2022 para analisar a situação da companhia aérea chilena Latam, que está em processo de recuperação judicial desde maio de 2020 devido a uma dívida de US$ 18 bilhões. Em novembro, a empresa apresentou um plano de reestruturação, mas um grupo de credores insiste que a proposta da Azul de adquirir a concorrente seja também considerada.

A Azul está ganhando impulso para adquirir a Latam”, escreveram os analistas Victor Mizusaki (Bradesco BBI) e Wellington Lourenço (Ágora Investimentos), em nota enviada aos clientes, ao comentar uma notícia da Reorg Research, empresa norte-americana de pesquisas, segundo a qual um grupo de credores sem garantia da Latam apresentou uma moção para solicitar o término do período de exclusividade para negociar o plano de reestruturação do grupo chileno e que o grupo também apresentou o plano alternativo da Azul.

PUBLICIDADE

Veja mais: Azul-Latam deteria mais de 60% do mercado após fusão

Segundo a publicação citada pelos analistas, o plano alternativo da Latam inclui US$ 4,5 bilhões em oferta de direitos acionários, US$ 1,75 bilhão em nova dívida, uma participação acionária de 29,8% para o patrimônio da Azul, 28,3% para o valor residual da Latam, 32,6% para o novo dinheiro dos credores sem garantia e 9,3% para o novo dinheiro da Azul, além da recuperação total em dinheiro para credores prioritários sem garantia.

A última manifestação oficial da Latam sobre o andamento do seu processo de reestruturação data do dia 26 de novembro, quando apresentou o plano de reorganização “apoiado pelas principais partes interessadas para fortalecer a estrutura de capital e a sustentabilidade de longo prazo”. Segundo o comunicado divulgado na época, o plano propõe a injeção de US$ 8,19 bilhões no grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida que, segundo a Latam, “permitirá ao grupo sair do Capítulo 11 com a capitalização adequada para executar seu plano de negócios”. Após a saída, a Latam estima que “deverá ter uma dívida total de aproximadamente US$ 7,26 bilhões”.

PUBLICIDADE

Veja mais: Latam terá mais 30 dias para apresentar plano de reorganização nos EUA

No começo da semana, o futuro da companhia aérea foi assunto em um fórum da corretora norte-americana Robinhood, com investidores especulando sobre a definição da data exata da nova audiência no Tribunal de Falências em Nova York. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Latam respondeu que “27 de janeiro de 2022 é a data prevista para a audiência”. Em novembro, a companhia já havia comunicado ao mercado que a previsão seria em alguma data no primeiro mês do ano que vem.

“A audiência para aprovar a adequação da Declaração de Divulgação do Capítulo 11 e dos procedimentos de votação está prevista para ser realizada em janeiro de 2022, com um calendário específico que dependerá do Tribunal. Se aprovada a Declaração de Divulgação (Disclosure Statement), o grupo iniciará o processo de solicitação para buscar a aprovação do plano por parte dos credores. A Latam solicita que a audiência para confirmar o plano seja realizada em março de 2022″, informou a companhia em 26 de novembro.

PUBLICIDADE

A Bloomberg Línea procurou a assessoria de imprensa da Azul com pedido de comentário sobre as informações da Reorg Research e dos analistas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos. A companhia respondeu: “Sim, temos ciência. Porém trata-se de uma ação do comitê de credores e não da Azul”.

(Atualiza às 17h50 com comentário da Azul)

Leia mais

Juiz de NY analisa situação da Latam em janeiro; Azul ainda no páreo

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.