Brasil tenta de novo atrair grandes do petróleo para pré-sal

Melhora nos termos da rodada e preços de petróleo mais altos tornam a oportunidade atrativa para explorar algumas das maiores descobertas de petróleo do século

Plataforma de petróleo P-51 da Petrobras no campo de Marlim Sul, a 150 quilômetros da costa do Rio de Janeiro.Fotógrafo: Rich Press / Bloomberg
Por Mariana Durao e Peter Millard
16 de Dezembro, 2021 | 01:25 PM

Bloomberg — O Brasil tenta atrair pela segunda vez em dois anos gigantes internacionais do petróleo para os campos de Sépia e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos. As áreas serão ofertadas nesta sexta-feira, 17, na segunda rodada de licitação dos volumes excedentes da cessão onerosa.

Em 2019, o maior leilão de petróleo do país fracassou, já que as áreas não atraíram interessados.

PUBLICIDADE

A melhora nos termos da rodada ​​e preços de petróleo mais altos tornam a oportunidade atrativa para explorar algumas das maiores descobertas de petróleo deste século. Mas o momento é complicado: os produtores americanos têm se concentrado em aumentar o retorno dos investidores com dividendos e recompras de ações, enquanto os titãs do petróleo europeus possuem metas ambiciosas de reduzir suas emissões de carbono e investir pesadamente em energia mais limpa nas próximas décadas.

“Sem uma aposta em preços futuros de petróleo mais altos, será difícil para os licitantes justificar ir muito além do mínimo”, escreveu Luiz Hayum, analista da equipe de pesquisa em exploração e produção da Wood Mackenzie na América Latina, em relatório.

Veja mais: Petrobras aprova deixar capital da Braskem por meio de follow-on

PUBLICIDADE

Petrobras, Exxon Mobil, Total Energies e Royal Dutch Shell estão entre as 11 empresas inscritas na rodada pelos campos em águas profundas. A estatal brasileira exerceu seu direito de preferência dos volumes excedentes da cessão onerosa no percentual de 30%, garantindo participação nos campos seja quem for o vencedor do leilão.

Potencial em águas profundas: Áreas do pré-sal do Brasil estão a quilômetros de profundidade, enterradas sobre camadas de pedra e sal

O governo reduziu em 70% o bônus de assinatura das áreas, para R$ 11 bilhões. Também definiu com antecedência quanto será pago à Petrobras como compensação por investimentos prévios: cerca de US$ 3,2 bilhões por campo. No leilão anterior, a incerteza sobre os valores foi uma das causas de insucesso da rodada. Vence a disputa quem oferecer a maior fatia do óleo a ser extraído à União.

A redução do bônus de assinatura sinaliza que o Brasil entende o quanto precisa melhorar os termos da rodada no atual ambiente, disse Schreiner Parker, head para América Latina na Rystad Energy.

PUBLICIDADE

“Com a exploração tradicional se tornando cada vez mais difícil de justificar em salas de reuniões em todo o mundo, o crescimento inorgânico é uma forma de sustentar uma reposição saudável de reservas”, disse.

A Wood Mackenzie vê a rodada como “um teste emocionante” para o apetite das empresas estrangeiras, encorajadas pela escalada do preço do petróleo, mas pressionadas por compromissos com a transição energética. A consultoria estima o break even das áreas em cerca de US$ 40 o barril.

Do lado positivo, a Petrobras já produz óleo nos dois campos, o que reduz seu risco exploratório. Em Sépia, a estatal tem a Galp Energia como parceira em uma jazida próxima (Sépia Leste). Atua ainda junto com Galp, Total e Shell no campo Oeste de Atapu, para o qual extrapolam os reservatórios da cessão onerosa. Faria sentido ter esses mesmos grupos disputando os campos, avalia Marcelo de Assis, chefe de pesquisa em upstream na América Latina da Wood Mackenzie.

PUBLICIDADE

Ambas as áreas já estão em desenvolvimento, mas os contratos originais da cessão onerosa limitam o total de barris que a Petrobras pode extrair. Os vencedores do leilão de 2021 terão o direito de produzir volumes excedentes, sob o regime de partilha de produção.

Sepia e Atapu são as duas últimas grandes áreas com produção contínua e reservas comprovadas que o Brasil planeja oferecer. “Este é o último grande leilão que vamos ver, a última Coca-Cola no deserto”, disse Adriano Pires, diretor da consultoria de infraestrutura do CBIE.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também