Bloomberg — A Eletronuclear se prepara para retomar as obras de Angra 3 no início de 2022, em meio a uma das maiores crises hídricas vividas pelo país, o que pode colocar a energia nuclear no topo da discussão das fontes energéticas brasileiras.
A expectativa é que a usina da empresa, uma divisão da Eletrobras, entre em operação até o fim de 2026 com capacidade de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, disse o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães. Seria energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período..
“Nunca se discutiu tanto a energia nuclear como na COP26, em Glasgow este ano”, disse Guimarães, em entrevista. “A energia nuclear tem papel importante a desempenhar na descarbonização da economia”, na substituição do carvão mineral.
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O investimento necessário para concluir a obra é alto: cerca de R$ 17 bilhões. Ainda assim, Guimarães afirma que nem toda fonte de energia pode ser substituída pela eólica ou solar e a única energia térmica que não gera efeito estufa é a nuclear.
“A energia térmica fóssil é muito mais cara,” disse. Segundo ele, hoje o Brasil tem contratado energia de térmicas que chegam a custar mais de R$ 2 mil por megawatt. O preço de referência em Angra 3 é de cerca de R$ 480 o megawatt.
Em busca dos investimentos
Projeto iniciado há 37 anos, a usina já teve suas obras interrompidas duas vezes. De 1984 até hoje, já foram investidos R$ 7,8 bilhões na construção de 67% das obras civis da usina.
O BNDES é o responsável por buscar fontes de financiamento para os recursos que precisam ser investidos na conclusão de Angra 3. Mas Guimarães acredita que o projeto “é bastante atrativo ao mercado internacional”. Os riscos associados ao investimento são baixos, o licenciamento está equacionado e o tempo de maturação, reduzido, disse ele.
Localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ), Angra 3 terá potência instalada de 1.405 megawatts. Angra 2 tem 1.350 MW e uma vida útil que vence em 2041. Angra 1, por sua vez, tem potência de 670 MW e passa por extensão de sua vida útil por mais 20 anos. Seus 40 anos se encerram em 2024.
A Eletronuclear e a Itaipu Binacional não serão privatizadas junto com a Eletrobras. Elas serão deslocadas para outra estatal criada pelo governo -- a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar) -- e seguirão sob controle da União.
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