Bloomberg — As novas projeções do Banco Central Europeu mostram a inflação abaixo da meta de 2% tanto em 2023 quanto em 2024, segundo autoridades a par do assunto, o que dá argumentos à presidente da instituição, Christine Lagarde, contra um rápido aumento das taxas de juros.
Os preços ao consumidor devem subir em ritmo mais forte do que a alta de 1,7% prevista em setembro e acima da meta, mas a expectativa é de desaceleração ao longo do horizonte de previsão, disseram autoridades que pediram anonimato porque os números são confidenciais.
As projeções, que abrangem o cenário até 2024 pela primeira vez, são dados fundamentais para a formulação da trajetória da política pós-pandemia do BCE. Esse cenário será oficializado apenas quando publicado pelo Conselho de Governadores após a decisão de política monetária na quinta-feira. Um porta-voz do BCE não quis comentar.
A próxima reunião provavelmente será uma das mais significativas desde que Lagarde assumiu o cargo em 2019, enquanto autoridades discutem mudanças no plano de compras de ativos convencional e como reinvestir dívidas em vencimento após o término do programa de emergência em março.
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Economistas não esperam o primeiro aumento dos juros antes de 2023. Os mercados monetários apostam em uma alta de 10 pontos-base em dezembro de 2022 e veem a taxa de depósito - atualmente em -0,5% - subindo para zero em seis anos.
Lagarde tem se esforçado para orientar investidores contra a antecipação de uma alta dos juros tão cedo e insiste que a atual aceleração da inflação, agora em 4,9%, é transitória. Um cenário que mostre ganhos de preços ao consumidor abaixo de 2% no horizonte pode reforçar essa visão.
Ainda assim, a força desse argumento pode depender de quão abaixo da meta a inflação cai nas projeções. Quanto mais próxima estiver de 2%, mais fácil seria para que autoridades que defendem o aperto da política monetária destacarem a ameaça de consolidação das pressões sobre os preços.
De acordo com uma autoridade, o cenário vai mostrar a inflação apenas um pouco abaixo da meta tanto em 2023 quanto em 2024, e não leva em consideração elementos que poderiam se revelar como riscos negativos.
Tais fatores incluem o custo de moradia ocupada pelo proprietário - um novo indicador desde a revisão da estratégia do BCE divulgada em julho - e uma série de políticas anunciadas, mas ainda não implementadas, como o aumento de 25% no salário mínimo da Alemanha, segundo a autoridade.
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